Economia

‘Sinal de alerta’, diz Trabuco, do Bradesco (BBDC4), sobre reação do mercado ao pacote de gastos

03 dez 2024, 16:01 - atualizado em 03 dez 2024, 17:32
Trabuco
Luiz Carlos Trabuco, presidente do conselho do Bradesco, falou a um grupo de jornalistas durante almoço de fim de ano do banco (Imagem: Divulgação)

O mau-humor do mercado foi um ‘sinal de alerta’ ao governo em meio à apresentação do corte de gastos de R$ 70 bilhões, afirmou Luiz Carlos Trabuco, presidente do conselho do Bradesco (BBDC4).

Junto ao pacote, o Planalto anunciou a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, o que gerou insatisfação de investidores.

Tem uma palavra que o pessoal da Faria Lima chama que é o overshooting [uma desvalorização descolada dos fundamentos da economia]. Às vezes, você exagera um pouco para dar um sinal. Um sinal de alerta“, afirmou a um grupo de jornalistas presente em almoço de fim de ano do banco.

Questionado pelo Money Times se o governo entendeu ‘os sinais’, Trabuco disse que sim.

Desde quarta-feira passada, o dólar disparou 4,47%, enquanto o Ibovespa caiu 3%, no que Trabuco classificou como uma reação rápida dos mercados.

Apesar disso, o economista disse que o ministro Fernando Haddad foi ‘muito feliz’ em deixar claro que o pacote não exclui outras medidas.

Um dia depois do anúncio, Haddad afirmou que a área econômica do governo voltará a discutir medidas fiscais se concluir que é necessário.

Para Trabuco, se o governo tivesse apresentado o pacote sem a isenção do IR, a reação do mercado poderia ter sido ‘diferente’.

Mesmo assim, o economista destacou alguns pontos positivos da medida, como a mudança no cálculo do Benefício de Prestação Continuada (BPC) e do salário mínimo.

Trabuco disse ainda que, no mundo real, a Selic, a taxa básica de juros, não precisar chegar a 14%. O anúncio do governo fez com que a curva de juros precificasse um ciclo terminal nessa faixa.

O JPMorgan, inclusive, previu que o Comitê de Política Monetária elevará a taxa básica de juros em 1 ponto percentual na sua reunião de 10 e 11 de dezembro.

Além disso, aumentou sua projeção da Selic ao fim do atual ciclo de alta de 13% para 14,25%, ao diagnosticar um aprofundamento do conflito entre a política fiscal e a política monetária após o anúncio do pacote fiscal do governo.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022, 2023 e 2024. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
renan.dantas@moneytimes.com.br
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022, 2023 e 2024. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.