Futebol

Rating AAA e ‘caixa brutal’: Flamengo nada de braçada nas finanças do Brasileirão; novo estádio deve pesar?

24 jun 2024, 18:37 - atualizado em 24 jun 2024, 18:45
flamengo
Para economista, o Flamengo pode destinar menos recursos para formação do elenco nos próximos anos, para realizar a construção do estádio (Imagem: Pixabay)

Flamengo pode, sem sombras de dúvidas, ser chamado de clube mais rico do Brasil. De acordo com o Relatório Convocados 2024, que conta com participação da Outfield, o clube teve uma geração de caixa (Ebitda) de R$ 485 milhões em 2023, vista no estudo como “absurda” para um clube de futebol – o time, inclusive, é o único que conta com o rating AAA de crédito, melhor nota entre os clubes da elite do futebol brasileiro. O segundo com maior Ebitda, o Corinthians, gerou R$ 270,7 milhões no mesmo ano. 

Em entrevista ao podcast Sports Market Makers, do mesmo grupo que o Money Times, o economista e idealizador do Relatório Convocados 2024, Cesar Grafietti, destacou que houve um processo de melhora de gestão, reestruturação e ganho de credibilidade do clube, algo que começou a ocorrer em 2012-2013, na gestão do Eduardo Bandeira de Mello. “O que ajudou nesse processo é que no primeiro ano de reestruturação veio o título da Copa do Brasil”, comentou.

Grafietti ainda sublinhou o melhor trabalho da marca do clube, corte de custos e melhor gestão de passivos. “Onde está o salto do Flamengo? Na reestruturação das dívidas e no trabalho de crescimento das receitas. Não adianta querer ser mais competitivo, sem dinheiro para gastar”, completa.

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O novo estádio deve pesar nas contas do Flamengo?

Perguntado se o Flamengo conta com recursos próprios para bancar seu próprio estádio, Grafietti comenta que pode haver um tradeoff, com menores investimentos no futebol e maiores recursos destinados ao estádio.

“Para não se atrapalhar, esses valores deveriam caber nos R$ 279 milhões de investimentos em jogadores. Vou investir para pagar o estádio e vou ser menos agressivo na formação do elenco? Me parece que é preciso chegar em um meio termo. O cenário perfeito é ter um parceiro que aporte capital, que divida o risco e assuma o financiamento. Ou o clube escolhe ser menos competitivo nos próximos 10 anos, por exemplo”, comenta.

Uma das alternativas para o Flamengo, segundo ele, seria por meio de uma parceria, como foi feito pelo Palmeiras e construtora WTorre. No entanto, um dos problemas que ocorre com o Palmeiras fica por conta dos shows marcados pela Real Arenas, braço da construtora WTorre, que é responsável pela gestão do Allianz Parque, e que por vezes conflitam com jogos da equipe.

“Pensando que o Flamengo pode, neste novo estádio, colocar 80.000 por jogo/show, talvez seja necessária uma menor agenda de shows, já que a capacidade do estádio do Palmeiras gira em torno de 40.000 – 43.000 pessoas, quase metade do está sendo especulado para o clube carioca”, destaca.

Confira o trecho da entrevista