Conteúdo Empiricus

Ralis na Bolsa? Fluxo para emergentes e eleição menos complexa podem fazer mercado andar; entenda

31 jan 2022, 15:08 - atualizado em 01 fev 2022, 8:43

Dois temas que merecem muita atenção dos investidores, pois tendem a gerar ralis na Bolsa brasileira em 2022 – o fluxo de recursos para países emergentes e a possibilidade de a eleição presidencial no país ser menos problemática do que o esperado. 

É o que destacou Felipe Miranda, CIO e estrategista-chefe da Empiricus, em sua live semanal, neste domingo (30/01) no perfil dele no Instagram  (ofelipe_miranda), um encontro marcado com seus seguidores e assinantes no qual ele sempre faz análises sobre o cenário e dá algumas indicações. 

Eu acompanhei tudo de perto e trago aqui para você os destaques: 

Nova dinâmica imposta pelo Fed 

Um aspecto macro e mais relevante a se observar e que, segundo ele, ainda vem sendo subestimado por muitos, é o forte aperto monetário que o Federal Reserve (Fed), o banco central americano, implementará ao longo deste e do próximo ano.

Estruturalmente, os juros internacionais, incluindo evidentemente a Europa que até então vinha com taxas em patamares baixíssimos, deverão começar a subir tomando como referência a maior economia do mundo. 

Isso vai trazer consequências importantes na alocação de capital em termos globais

Para ele, as mudanças já estão em curso, sendo um dos motivos do Ibovespa estar voltando a reagir positivamente este ano. 

Por dentro do fluxo aos emergentes

As companhias de tecnologia ou as empresas que estão em fase de desenvolvimento (growth) devem sofrer. Como elas buscam um crescimento de receitas e lucros em um horizonte maior, quando os juros aumentam – ao se trazer o fluxo de caixa dessas companhias a valor presente, o efeito é negativo, há uma queda dos seus valores de mercado. 

Desse modo, Felipe explicou que o dinheiro que nos últimos tempos foi sobrealocado nas techs mais agressivas, cases de growth e em criptomoedas, a partir da nova dinâmica do Fed, passa a migrar gradualmente para commodities e value investing, buscando capturar assimetrias, isto é, empresas de qualidade que estão negociando a preços abaixo dos seus valores intrínsecos, mas que tem potencial para valorizar.

“Essa é uma ‘placa tectônica’ se movimentado. Com o Fed vindo e tirando a bolha tech, esse excesso de capital que foi alocado, vemos o dinheiro buscando outras alternativas, indo agora para emergentes, que o pessoal tinha abandonado”, disse o analista. 

No Bric, o Brasil é um país que representa boa atratividade, na visão de Felipe Miranda. Além de contar com diversas companhias com excelentes fundamentos, muitas delas de commodities e cíclicos domésticos, que ficaram extremamente baratas, trata-se de um mercado com liquidez e menores riscos do que seus pares no bloco. 

Ele ressaltou que, atualmente, há forte preocupação em relação a uma possível invasão da Rússia na Ucrânia. Por sua vez, o governo chinês tem intensificado as regulamentações e perseguido empresários, impondo assim, dificuldades no ambiente de negócios de forma geral. 

“Então, a bolsa brasileira pode ser a grande surpresa global esse ano”, ressaltou Felipe Miranda. 

Eleição presidencial menos complexa pode ser um driver

Felipe Miranda disse também em sua live que acredita que o mercado, de modo geral,  ainda não tem tratado o tema eleição como deveria, resumindo tudo em uma discussão simplista de que será uma disputa difícil e polarizada. 

No momento em que houver uma percepção de que a eleição pode não ser tão problemática, a Bolsa tenderá a andar. Isso tem chances de acontecer, pois os dois principais candidatos já são bastante conhecidos.

Ele fez uma análise pragmática, do ponto de vista estritamente ligado aos investimentos, sem defender uma posição. 

De acordo com ele, Jair Bolsonaro representa a continuidade e o mercado já não o interpreta como reformista há um bom tempo, sendo capaz de tolerá-lo. Já Lula tem flertado ao centro, com a tentativa de compor a chapa com Geraldo Alckmin. 

“Lula está colocando petistas históricos para dialogar com o mercado. Tenho vários amigos gestores que falaram com eles e a sinalização nas conversas fechadas tem sido de que Lula grita por aí, mas na verdade, não seria irresponsável fiscalmente, de que haveria respeito ao mercado e de flertes com o centro mais intensos”, comentou. Logicamente, riscos existem e os ruídos no curtíssimo prazo devem persistir, a exemplo do que o Lula comentou que “não vai se preocupar com acionistas em Nova York”.

Ele falou ainda que se houver no país uma terceira via realmente viável – o que ainda é cedo para se saber, o cenário se tornaria ainda melhor. 

Vale a pena conferir todos os detalhes na live. 

E falando de tickers…

Petróleo na carteira

Vale a pena ter petróleo na carteira de investimentos, uma vez que a commodity está em alta diante do desajuste global entre oferta e demanda. Nesse segmento, a ação preferida de Felipe Miranda é a 3R Petroleum (RRRP3). “A companhia está mandando muito bem, tem uma operação impecável e é a mais barata do setor”, afirmou.

Ele ressaltou que na sexta-feira passada (28/01), o Conselho de Administração da Petrobras, aprovou a venda total da sua participação no Polo Potiguar, no Rio Grande do Norte, por US$ 1,38 bilhão, para a 3R, o que contribuirá para colocar a companhia em um outro patamar. 

Quanto à Petrobras (PETR4,PETR3), ele disse que apesar de a companhia ser excelente e pagar altos dividendos, é interessante ter pequena posição no portfólio, dado os riscos de interferências na política de preços em ano eleitoral. 

E a PetroRio (PRIO), que seria outra opção, está um pouco mais cara, de acordo com o analista. 

Oportunidades no varejo de moda

O varejo de moda é uma categoria de ações que ficou muito defasada em termos de preços e alijada do fluxo de capital internacional. 

Uma companhia de qualidade que o Felipe gosta é a Arezzo (ARZZ3), uma ‘house of brands’ (casa de marcas), que está em pleno desenvolvimento. “Ela tem boa gestão, gosto muito da visão estratégica do Alexandre Birman, CEO e CCO, que vive o dia a dia da operação”, contou. De acordo com ele, a empresa deverá promover novas fusões e/ou aquisições para turbinar seus negócios. 

Na quinta-feira (27/01), a Arezzo anunciou uma nova oferta subsequente de ações (follow-on). A intenção é captar R$ 615 milhões, a partir da emissão de 7,5 milhões de papéis. Existe a possibilidade ainda de uma oferta extra, que pode elevar a operação para R$ 830 milhões. 

Nos últimos dias, as notícias e especulações sobre as possíveis empresas alvos envolveram nomes como Lojas Renner (LREN3), C&A (CEAB3), Centauro e Grupo Soma (SOMA3). 

O estrategista-chefe da Empiricus acredita que o setor em geral terá um movimento de consolidação. Pode acontecer alguma transação envolvendo até mesmo Marisa. Ele lembrou que no ano passado, a Lojas Americanas (AMER3) e a Lojas Marisa (AMAR3) chegaram a ter uma conversa preliminar, que acabou não evoluindo. 

Potencial de IPOs e follow-ons?

O anúncio do follow-on pela Arezzo demonstra que o mercado brasileiro não está tão fechado ou impermeável a novas ofertas subsequentes de outras empresas ou IPOs.

Além disso, a exemplo do varejo de moda, esse ano poderá ter diversos eventos societários – fusões e aquisições. 

Sendo assim, de acordo com Felipe, que se manifestou conflitado ao comentar, a perspectiva é positiva para o BTG Pactual (BPAC11), que coordena esses tipos de operações. 

Isso vale também para BR Partners (BRBI11), outro banco de investimentos, que tem sua ação listada na Bolsa desde junho do ano passado. A ação da BR Partners está barata e a companhia também pode ser alvo de um M&A, eventualmente alvo do Banco Inter (BIDI11) ou da Stone (STOC31), por exemplo. 

Na live deste domingo, Felipe Miranda comentou sobre outros tickers. Vale a pena conferir o vídeo completo

Compartilhar

TwitterWhatsAppLinkedinFacebookTelegram

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies.

Fechar