Rali nos EUA impulsiona estratégias de ações com foco no Federal Reserve
O frenético rali eleitoral turbina estratégias de investimento vinculadas à era do dinheiro barato e dá fôlego a algumas das negociações mais odiadas deste mercado altista.
Com os títulos do Tesouro de 30 anos a caminho do rali mais forte de dois dias desde junho, negociações de ativos cruzados, vistas como perigosas por sua sensibilidade ao risco da taxa de juros – de ações de crescimento à dívida de longo prazo -, ganham nova vida.
Em resumo, a chamada “duration” voltou a estar na moda, já que, para Wall Street, um estímulo fiscal de grande escala não está mais na mesa.
Além disso, a aposta é de que o Federal Reserve vai se apoiar ainda mais na política de afrouxamento monetário para combater a pandemia.
As ações de crescimento tiveram seu melhor dia em relação aos papéis de valor desde 2001 na quarta-feira, desafiando incontáveis alertas de que a diferença dos valuations está perto dos níveis observados durante a bolha da Internet.
“A expansão das medidas de política monetária não será um substituto para um pacote de estímulo fiscal razoável”, disse Eleanor Creagh, estrategista do Saxo Bank, em relatório. “No entanto, o Fed pode ter poucas opções se os congressistas não conseguirem deixar suas diferenças de lado. Este certamente não é o melhor resultado para a economia real, mas, como sabemos, os ativos de risco amam liquidez.”
Enquanto estrategistas digeriam uma corrida mais acirrada do que o esperado para Joe Biden e as chances de os democratas ganharem o Senado diminuíam, as especulações por mais apoio do Fed aumentavam. Creagh disse que o Congresso dos EUA poderia elevar o estímulo já no próximo mês, incluindo a compra de ativos de prazo mais longo.
No mercado acionário, a volta das negociações de duration dá outro golpe na estratégia de valor, pois investidores acumulam ações de tecnologia, adoradas por suas perspectivas de ganhos de longo prazo. A menor ameaça de regulamentações mais rígidas sob um governo democrata também ajudou.
Ações de crescimento tendem a se sair melhor com rendimentos de títulos menores, uma vez que os fluxos de caixa de longo prazo podem ser descontados a juros mais baixos e geralmente estão menos vinculados ao ciclo de negócios. É o caso do Facebook, e não da petroleira Exxon Mobil.
A rotação de valor foi esmagada, “com os mercados voltados novamente à retomada futura de taxas de juros mais baixas, curvas mais achatadas e pressões desinflacionárias sob as quais já operamos durante grande parte dos últimos cinco, dez anos”, disse em relatório Charlie McElligott, estrategista da Nomura Holdings.