Rali do minério pode esfriar por riscos na China, diz Austrália
A Austrália, maior exportadora de minério de ferro do mundo, prevê desaceleração do rali nos preços e alerta sobre riscos para a demanda, já que o mercado depende do setor siderúrgico da China.
O mercado transoceânico deve “esfriar” no fim de 2020, e possíveis mudanças na produção de aço chinesa são o principal fator para as perspectivas de preço do minério de ferro, segundo o Departamento da Indústria, Ciência, Energia e Recursos em relatório trimestral.
A siderurgia global pode mostrar forte retração caso ocorra uma segunda onda de coronavírus na China ou se os estímulos do governo chinês ficarem aquém das expectativas do mercado, disse o relatório.
Os preços do minério de ferro perderam força depois de subirem para o maior nível em mais de seis anos no começo de setembro, devido a cortes do fornecimento no Brasil e produção recorde de aço na China.
Observadores do mercado alertaram neste mês para uma desaceleração de curto prazo dos preços, embora o Citigroup tenha dito que a forte demanda chinesa deve dar suporte às cotações na faixa de US$ 100 a US$ 120 a tonelada pelo resto do ano.
“O domínio da China no consumo de minério de ferro lhe dá capacidade considerável para definir os preços globais, e é improvável que importadores chineses aceitem preços historicamente altos para o minério de ferro por um longo período”, disse o departamento australiano.
A produção de aço chinesa deve cair ligeiramente para 987 milhões de toneladas neste ano, e se recuperar para mais de 1 bilhão de toneladas em 2021.
A China importa mais de 70% do minério de ferro transoceânico para abastecer sua indústria siderúrgica, que é a maior do mundo.
A Austrália lidera o fornecimento global de minério de ferro, e o departamento disse que é a primeira exportação de commodity a render ao país mais de 100 bilhões de dólares australianos em um único ano, atingindo esse limite em 2019-20.
Outros fatores que sustentam os preços no curto prazo são as restrições de oferta no Brasil, já que a Vale (VALE3) enfrenta normas regulatórias mais rígidas após o desastre da barragem em Brumadinho, além do impacto da pandemia de coronavírus nos planos de produção.
Segundo o departamento australiano, a produção do país não deve retornar aos níveis normais até o fim de 2022.