Coluna do Beto Assad

Rali de fim de ano na Bolsa brasileira vai rolar? Mercado à espera de definições

30 nov 2022, 14:56 - atualizado em 30 nov 2022, 14:56
Rali de fim de ano na Bolsa
2022 ainda terá chances de formar um rali de fim de ano na Bolsa brasileira? Leia a coluna do Beto Assad, consultor para o Kinvo. (Imagem: REUTERS/Lisi Niesner)

Já se passaram 30 dias do segundo turno das eleições. Como todos já sabem, Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito para o seu terceiro mandato. E será que ainda teremos um rali de fim de ano na Bolsa brasileira em 2022?

O primeiro momento após a definição do novo presidente foi de otimismo para o mercado brasileiro. Com a visão de que Lula tem uma melhor interlocução com os outros países, muitos investidores resolveram “comprar” o risco Brasil, com a bolsa subindo 3,16% na semana pós-eleições.

Mas o cenário mudou bastante a partir da segunda semana de novembro. O motivo? As declarações do presidente Lula.

Sua posição extremamente contrária ao teto de gastos assustou o mercado, trazendo a desconfiança de que a política econômica pretendida por Lula poderia trazer um sério descontrole para as contas públicas do país.

Suas constantes afirmações de que o teto de gastos impede a aplicação de políticas sociais foi muito mal recebida, inclusive por muitos apoiadores do próprio presidente.

Henrique Meirelles, antigo presidente do Banco Central durante os mandatos do petista e esperança do mercado de que ele fosse indicado para o Ministério da Fazenda, chegou a dar entrevista dizendo que Lula “Dilmou”. Além do mais, ele descartou qualquer possibilidade de assumir o ministério.

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Tempestade no mercado

No meio dessa “tempestade” causada pelas palavras do novo presidente, o Ibovespa passou a enfrentar forte volatilidade, com o índice recuando quase 8% nas 3 semanas seguintes. O dólar fez o caminho contrário, subindo mais de 6% no período.

Os juros futuros também passaram a subir forte, com o mercado apostando que o governo provavelmente terá que oferecer maiores rentabilidades nos títulos públicos para manter a atratividade devido ao aumento do risco percebido pelo mercado.

Assim, o último mês do ano será de ansiedade para o mercado financeiro, que fica à espera de algumas respostas sobre o que esperar realmente do novo governo.

O primeiro ponto de atenção é a PEC da Transição. Enquanto o presidente acenou com a vontade de colocar o programa Bolsa Família fora do teto durante os 4 anos de seu mandato, as negociações entre equipe de transição e congresso caminham para algo mais enxuto (e realista para as contas públicas).

Em seguida, o mercado espera a resolução do mistério que vem acompanhando Lula desde o início de sua campanha para o Planalto. Afinal de contas, quem vai ser o seu Ministro da Fazenda?

Muitas pessoas foram especuladas nos últimos dias, numa espécie de balão de ensaio para ver a aceitação no mercado. Mas quem parece ter ganhado mais força foi Fernando Haddad, um dos nomes mais criticados no meio financeiro para o cargo.

As posições antiliberais do ex-prefeito de São Paulo, além dele não ser um técnico na área econômica, desagradou bastante investidores e gestores.

O mercado ficaria menos preocupado se uma forte equipe com foco na estabilidade fiscal fosse colocada junto a Haddad. Mas até o momento, tudo não passa ainda de especulação. Até o nome de Roberto Campos Neto, atual presidente do Banco Central, chegou a ser ventilado nos últimos dias para chefiar a pasta.

Rali de fim de ano volátil

Enfim, o último mês do ano promete continuar trazendo bastante volatilidade para o mercado de ações, dólar, juros e até mesmo renda fixa. As definições esperadas pelo mercado não vão demorar muito mais para acontecer, dada a proximidade da troca de faixas entre os presidentes.

Mas é fato que a possibilidade de um rali de alta no mês de dezembro vai ficando cada vez mais remota, dado o posicionamento atual de Lula e sua equipe.

Resta ao investidor ter o máximo de cautela até se ter uma real noção do que irá acontecer com a economia brasileira a partir do próximo ano. As perspectivas, pelo menos até agora, não são das mais promissoras.

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