Arena do Pavini

Rali da bolsa brasileira pode estar só no começo, diz gestor da Franklin Templeton

30 jan 2018, 11:34 - atualizado em 30 jan 2018, 11:34

Por Arena do Pavini

A forte alta da bolsa neste início de ano reflete a melhora esperada para a economia brasileira e, no curto prazo, enquanto as coisas continuarem se ajustando, o mercado tende a continuar em alta, afirma Frederico Sampaio, diretor de renda variável da gestora americana Franklin Templeton. “Os fundamentos estão falando mais alto e o país está colocando as coisas em seu devido lugar, por isso a bolsa deve continuar em alta”, diz.

Segundo ele, o risco para esse cenário é que a eleição presidencial traga alguma surpresa negativa para os ajustes da economia. “Se for eleito alguém contrário às reformas, como a da Previdência, ou ao ajuste fiscal, a bolsa pode interromper sua trajetória”, explica. Mesmo assim, ele não vê uma queda muito forte. “Se for eleito um candidato contra as reformas, a bolsa vai sofrer, mas não volta para os níveis pré-impeachment da Dilma”, avalia.

Sampaio chama a atenção para o fato que há muito ruído e especulação em torno das eleições. E lembra que mesmo o PT, partido do ex-presidente Lula, tentou fazer uma reforma da Previdência. “Não colocaria o Lula como um candidato contra as reformas”, diz, apostando no bom-senso do ex-presidente.

Sem Lula na disputa, porém, a expectativa é que os candidatos mais extremistas percam força na disputa presidencial, caso de Jair Bolsonaro, visto como o anti-Lula. E isso pode tornar mais fácil a eleição de um candidato de centro. “A eleição fica menos polarizada, sem os extremos políticos, e isso vai ser bom para o crescimento do país e para a bolsa”, afirma o gestor.

Para Sampaio, a bolsa brasileira ainda tem muito para subir se o cenário de um candidato reformista, e com algum apoio no Congresso, se confirmar. “Há um rali de longo prazo começando, e a bolsa pode ter um período longo de alta”, afirma.

Ele justifica essa expectativa pela melhora em várias frentes. A primeira é na expansão dos múltiplos das empresas, a partir do crescimento dos lucros com a retomada da economia. “Esperamos um crescimento de mais de 20% nos lucros este ano”, diz. Com isso, a bolsa já teria motivos para subir.

Além disso, a relação entre o preço das ações brasileiras e seu lucro, hoje de 13,5 vezes, sofreria um ajuste. “Países em que foram eleitos presidentes que levaram adiante as reformas econômicas, como México e Índia, saíram de P/L iguais aos do Brasil para 18 a 20 vezes”, diz. Ou seja, os preços subiram muito mais que os lucros. “Podemos sonhar portanto com um P/L de 16 a 17 vezes o lucro desde que o novo presidente seja responsável e enfrente os problemas”, diz.

Outro fator que justificará o aumento do preço das ações é o crescimento da economia brasileira. “Se fizermos as reformas, esse crescimento deve sair da casa de 2,5 ao ano para 4%, 4,5% ao ano nos próximos anos”, afirma Sampaio, citando o exemplo da Índia, que hoje cresce mais que a própria China.

Para o gestor, o mercado hoje está antecipando essas melhoras, como ocorreu no impeachment da presidente Dilma em 2016. “A economia foi um desastre naquele ano, mas a bolsa disparou com a expectativa de que as coisas iriam melhorar”, explica. “Podemos ter uma mudança de expectativa agora novamente”, diz.

Um ambiente benigno na parte fiscal também ajudaria o país a manter os juros baixos por mais tempo, o que também seria benéfico para o crescimento e para o lucro das empresas. “As companhias ainda estão ocupando capacidade ociosa, o que pode manter a inflação sob controle e o juro baixo por mais tempo”, afirma.

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