Raízen, Ultrapar, Sinopec e Mubadala na 2ª fase da disputa por refinarias da Petrobras
A Petrobras (PETR3; PETR4) selecionou a chinesa Sinopec, a companhia investidora de Abu Dhabi Mubadala Investment e as empresas brasileiras Ultrapar (UGPA3) e Raízen Energia para a segunda fase do processo de venda de quatro refinarias, de acordo com quatro pessoas com conhecimento do assunto.
A petroleira brasileira recebeu as ofertas não vinculantes no início de novembro para o primeiro bloco de refinarias que planeja vender.
A empresa selecionou os grupos autorizados a entrar na segunda rodada da semana passada, acrescentaram as fontes, pedindo anonimato para divulgar detalhes do processo privado.
As propostas vinculantes devem ser entregues até meados de janeiro, disseram duas das fontes. O primeiro bloco de refinarias é o maior, com uma capacidade combinada de 961 mil barris de petróleo por dia, ou 40% da capacidade total de refino no país.
Procurados pela reportagem, Mubadala, Raízen (joint venture entre a Cosan (CSAN3) e Royal Dutch Shell PLC) e Ultrapar se recusaram a comentar o assunto. Petrobras e Sinopec não retornaram o pedido de comentários imediatamente.
Segundo as fontes, Ultrapar e Raízen devem entregar propostas para as duas refinarias na região sul, Refap e Repar, e para a Rnest, em Pernambuco.
Já a chinesa Sinopec e o Mubadala disputam a Rlam, a mais antiga refinaria do Brasil, na Bahia, disseram duas fontes.
A Rlam precisa de reformas significativas e a Sinopec está interessada em formar um consórcio com uma empresa de construção chinesa para isso.
Já a Mubadala, afirmaram as fontes, estrutura sua proposta por meio da companhia espanhola de petróleo Cepsa, que tem como investidores o próprio Mubadala e o Carlyle Group.
De acordo com as regras estabelecidas pelo Cade, órgão de fiscalização antitruste do Brasil, os licitantes podem adquirir apenas uma refinaria em cada região para evitar problemas de concentração.
Consórcios
As empresas aprovadas para a segunda rodada estão em negociações para criar consórcios com traders de commodities, como Glencore e Vitol, que assinaram acordos de não divulgação no início do processo e ainda podem se juntar aos grupos na fase vinculante.
Glencore e Vitol disseram que não comentariam o assunto.
Operadores de gasodutos também devem entrar em tratativas para potencialmente se unir a grupos para operar os ativos logísticos que a Petrobras venderá em cada refinaria, como terminais e oleodutos de combustíveis.
Entre esses grupos está a canadense Brookfield, que opera o gasoduto NTS, vendido anteriormente pela Petrobras. Brookfield se recusou a comentar.
Empresas financeiras como os fundos de pensão canadenses CPPIB e Caisse de Depot et Placement du Quebec (CDPQ) também poderiam participar, assim como o GIC, de Cingapura. Nenhum deles comentou o assunto imediatamente.
A gigante do petróleo Saudi Aramco, que havia assinado um acordo de não divulgação, desistiu do processo, disseram as fontes.
O histórico de controles de preços de combustíveis no Brasil e o modelo de privatização, que ainda deixará a Petrobras com forte presença no refino na região mais rica do Brasil, o Sudeste, reduziram a esperada disputa pelas refinarias.
As estimativas iniciais de que a companhia petrolífera poderia buscar até 18 bilhões de dólares para as refinarias foram reduzidas para menos de 10 bilhões de dólares.
Segundo bloco
O segundo bloco de quatro refinarias a ser vendido é muito menor que o primeiro, com uma capacidade total de 210 mil barris por dia.
A Reman, no Estado do Amazonas, deve ser analisada pelo distribuidor regional de combustível Atem Distribuição de Petróleo, disseram as fontes.
O conglomerado indiano Essar, que tem operações de exploração na Índia e refino e distribuição de combustível no Reino Unido, também pode concorrer a uma das unidades do segundo bloco, acrescentaram as fontes.
A EIG Global Energy Partners também avalia uma potencial proposta pela Regap, em Minas Gerais.
Atem, Essar e EIG não comentaram imediatamente o assunto.