Raízen (RAIZ4): UBS rebaixa ação por demora na reestruturação, apesar de ‘caminho dourado’

O UBS rebaixou sua recomendação para as ações da Raízen (RAIZ4) de compra para neutro, além de reduzir o preço-alvo do papel de R$ 3,90 para R$ 2,30.
A decisão reflete a fraca geração de caixa nos últimos resultados (-R$ 1,50/ação), o ajuste da dívida para incluir certos itens de capital de giro (-R$ 1,10/ação) e a expectativa de resultados mais fracos no segmento de açúcar e etanol, devido à menor moagem e aos preços pressionados (-R$ 0,50/ação).
Segundo os analistas do banco, o rebaixamento também leva em conta a demora para que a “reestruturação positiva” da companhia se traduza em retornos efetivos para os acionistas.
“Após anos de expansão — que trouxeram complexidade e um salto na alavancagem, com aumento de R$ 11 bilhões para R$ 53 bilhões apenas no ano passado —, além de ventos contrários como juros mais altos e desafios no setor de cana-de-açúcar, a Raízen entrou em um novo ciclo, focado em ganhar eficiência e reduzir o custo da dívida”, comentam Matheus Enfeldt, Tasso Vasconcellos e Victor Modanese.
Apesar desse “caminho dourado” de desalavancagem, o UBS avalia que a tendência deve se consolidar apenas em um horizonte de dois a três anos.
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Nesta segunda-feira (9), RAIZ4 encerrou o pregão com queda de 2,20%, a R$ 1,94.
RAIZ4: O caminho para desalavancagem
Depois de crescer e diversificar seus negócios nos últimos anos, a Raízen terminou o ano-safra 2024/2025 com uma dívida elevada — equivalente a 4,6 vezes tudo o que a empresa gerou de lucro operacional (EBITDA) no período.
Com as taxas de juros nos maiores níveis dos últimos anos e margens operacionais médias, os custos financeiros têm pesado bastante na capacidade da empresa de gerar caixa.
“Modelamos a empresa ainda consumindo caixa em 2025/26 (cerca de R$1 bilhão negativo com liberação de capital de giro) e provavelmente também em 2026/27 (menos de R$ 1 bilhão), antes de começar a reduzir a dívida nos anos seguintes”.
Ainda assim, o UBS vê potencial de geração de caixa no médio prazo — desde que os juros recuem para abaixo de 12% até o final de 2026 e que os preços do petróleo se mantenham na faixa de US$ 62 a US$ 70 por barril.
“Reconhecemos que podemos ser surpreendidos em ambos os casos — enquanto os ganhos de eficiência em opex e capex podem representar um potencial de alta”, destacam os analistas.
Segundo o relatório, a Raízen vem racionalizando seus investimentos (capex) e buscando eficiência operacional para mitigar os efeitos da expansão recente. No entanto, fora a conclusão de projetos de etanol de segunda geração (E2G) e geração solar distribuída entre 2025 e 2026, o UBS vê pouco espaço para o capex recuar abaixo de R$ 8 a 9 bilhões — dado o elevado custo de manutenção e segurança nas operações de açúcar e etanol, estimado entre R$ 6 e 6,5 bilhões.
“Acreditamos que há pouco espaço para cortes na distribuição de combustíveis no Brasil, considerando a forte concorrência no setor”.