Raízen (RAIZ4): Safra reduz alvo, mas já enxerga volta por cima; ação sobe após prévia do 2T26

O Safra reduziu seu preço-alvo para as ações da Raízen (RAIZ4) de R$ 2,90 para R$ 1,40, mantendo recomendação outpeform (compra).
A revisão reflete mudanças nas premissas sobre capacidade de moagem, margens no segmento de distribuição de combustíveis e capex. Por volta das 11h03, as ações subiam 3,19%, cotadas a R$ 0,97.
“Embora a Raízen tenha avançado em seu processo de turnaround e demonstrado uma alocação de capital mais disciplinada, ainda existem preocupações. Entre elas, a possível diluição em caso de aumento de capital, a pressão contínua da queda nos preços do açúcar e o aumento da oferta de etanol de milho”, afirmam Conrado Vegner e Vinícius Andrade, analistas do Safra.
Com base nas novas premissas operacionais, o Safra projeta que a Raízen deve registrar um Ebitda ajustado de R$ 12,163 bilhões na safra 2025/2026, representando uma queda de 16% em relação à estimativa anterior, além de um consumo de caixa de R$ 2,797 bilhões, equivalente a um yield negativo de 29%.
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“Embora a Raízen esteja comprometida, alcançar uma desalavancagem orgânica significativa no curto prazo segue sendo um desafio. Um aumento de capital é a alternativa mais evidente para acelerar esse processo, ainda que nossas estimativas não considerem esse cenário. Uma redução relevante da dívida por meio de geração orgânica de caixa parece inviável no curto prazo”, acrescentam.
RAIZ4: A prévia do 2T26, segundo Safra
Para o Safra, a prévia operacional do 2T26 da Raízen mostrou volumes de vendas de açúcar e etanol abaixo das estimativas do banco.
“Os dados indicam resultados mistos, com um desempenho fraco na divisão de Etanol, Açúcar e Bioenergia (ESB) sendo parcialmente compensado por bons números no segmento de distribuição de combustíveis no Brasil“.
A moagem de cana-de-açúcar no trimestre totalizou 35,1 milhões de toneladas (contra 32,4 milhões de toneladas da estimativa do Safras) e compara-se às 32,9 milhões de toneladas processadas no 2T25. O mix de produção foi voltado para o açúcar (56%), em detrimento do etanol (44%).
Os números refletem condições climáticas favoráveis durante o trimestre, que aceleraram a colheita, e a boa qualidade da cana, que permitiu maximizar a produção de açúcar.
No entanto, a produtividade caiu na base anual e no acumulado do ano, pressionada por:
- impactos climáticos e incêndios na safra anterior;
- geadas em algumas regiões;
- e a venda de cerca de 1,3 milhão de toneladas de cana-de-açúcar como parte de uma estratégia de otimização de ativos, juntamente com o descomissionamento da usina Santa Elisa.
Os volumes de vendas de açúcar ficaram em 1,504 milhão de toneladas, uma queda de 29% na comparação anual e 34% abaixo da nossa estimativa, uma vez que as vendas se concentraram no primeiro semestre do ano passado. Já as vendas de etanol caíram 16% em relação ao ano anterior, para 817 mil m³, 24% abaixo da nossa estimativa.
“O menor volume de vendas reflete a menor produção, enquanto a produção de etanol de segunda geração (E2G) atingiu 43 mil m³, em linha com nossa projeção, resultado do avanço operacional nas usinas Univalem, Barra e Bonfim”.
Na divisão de mobilidade, os volumes de vendas no Brasil devem aumentar 11% trimestre contra trimestre, considerando a faixa entre 7,4 e 7,5 milhões m³, superando a estimativa do Safra em 2%. Na América Latina, os volumes de combustíveis ficaram 6% abaixo das nossas estimativas, mas devem crescer 2% em relação ao trimestre anterior.