Raízen (RAIZ4): Safra corta preço por ‘nova fase’, mas ainda vê potencial de 70% para ação

O Banco Safra cortou seu preço-alvo para as ações da Raízen (RAIZ4) de R$ 5,60 para R$ 2,90, mantendo sua recomendação de compra, com um potencial de alta de 70% para o papel. O corte reflete a nova fase da companhia, focada na desalavancagem.
“Estimamos que a Raízen esteja negociando a 3,9x EV/Ebitda 2025/26E vs. a média de 5x desde o IPO. Esperamos que a Raízen se beneficie de um foco mais forte nas operações principais e na desalavancagem, o que inclui a venda de ativos não essenciais e uma estratégia de alocação de capital mais disciplinada”, apontam Conrado Vegner e Vinícius Andrade.
Para o banco, as iniciativas da nova equipe de gestão devem levar a uma capacidade de geração de caixa melhorada e, consequentemente, à redução da alavancagem e à melhoria da percepção de risco ao longo do tempo.
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“Após as mudanças na equipe executiva, a nova gestão deixou claro que o foco agora é criar valor e simplificar a estrutura corporativa, os processos internos e o portfólio da empresa, além de fortalecer a estrutura de capital da Raízen”.
RAIZ4: 3 linhas de negócio
O Safra reforça que a companhia tem definido 3 linhas de negócios principais:
- etanol, açúcar e bioenergia;
- mobilidade Brasil;
- mobilidade Argentina.
O escopo do braço de negociação foi redefinido para incluir açúcar e etanol e a aquisição de produtos petrolíferos para o negócio de distribuição.
“O ritmo de crescimento do E2G foi desacelerado, pois a Raízen completará as duas plantas atualmente em construção, mas não tem planos para novas, alcançando cinco plantas operacionais até 2027.
Alavancagem, o ‘elefante na sala’
O Safra diz “aplaudir” o claro senso de urgência da gestão da Raízen em abordar sua questão mais urgente, o endividamento.
Após um ciclo de crescimento prolongado, que incluiu aquisições e sua entrada em novas linhas de negócios—como o E2G—, bem como investimentos no segmento agroindustrial, visando fechar a lacuna de produtividade da empresa, a Raízen experimentou um aumento em sua dívida líquida para R$41,5 bilhões no final de 2024 vs. R$17,9 bilhões pouco antes de seu IPO em 2021
A combinação de despesas de capital e o serviço da dívida manteve o fluxo de caixa da Raízen sob pressão, e as mudanças na trajetória e no nível da taxa de juros local aumentaram ainda mais essa pressão, levando a Raízen a queimar caixa nos últimos trimestres.
Embora altamente dilutiva aos preços atuais, uma emissão de ações seria uma maneira de acelerar esse processo, segundo o Safra, mas declarações recentes da gestão indicam que provavelmente esse não é o cenário base deles.
“Além da revisão no cronograma das plantas de E2G, a Raízen tomou medidas na frente de venda de ativos, vendendo projetos de geração distribuída e 900 mil toneladas de cana-de-açúcar, incluindo a própria cana-de-açúcar da Raízen e contratos de fornecedores, e reavaliou os planos para distribuição de combustíveis no Paraguai, reduzindo sua participação originalmente pretendida na operação, consequentemente diminuindo os desembolsos futuros”.