Raízen (RAIZ4): S&P rebaixa classificação para ‘BBB-‘, de olho na alavancagem; perspectiva é negativa
A agência classificadora de risco S&P Global rebaixou a classificação de crédito (rating) da Raízen (RAIZ4) de ‘BBB‘ para ‘BBB-‘, tendo em vista o atraso nas perspectivas de desalavancagem. A perspectiva segue negativa para a distribuidora de combustíveis e processadora de cana-de-açúcar.
Os analistas da agência veem a companhia enfrentando dificuldades para reduzir a alavancagem, em um cenário de dívida nominal considerável e queima de caixa.
Medida pela relação dívida líquida/Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), a alavancagem da Raízen atingiu 5,2 vezes nos 12 meses encerrados em 30 de setembro de 2025, destacam os analistas.
A expectativa da S&P é de que fique entre 4,5 e 5 vezes até o final dos anos fiscais de 2026 e 2027, caso não ocorram entradas de caixa não recorrentes significativas.
Vale destacar que, geralmente, quanto maior o número de vezes do indicador, maior o risco de crédito da companhia.
“Embora a administração e os acionistas continuem a expressar publicamente seu objetivo de reduzir a dívida por meio de vendas de ativos e uma capitalização, o atraso na conclusão de transações maiores manterá a alavancagem sob pressão por mais tempo do que esperávamos inicialmente. Além disso, o cronograma, os valores e o efeito dessas transações no Ebitda e no fluxo de caixa não estão claros neste momento”, diz a S&P.
A perspectiva negativa reflete a possibilidade de outro rebaixamento na classificação nos próximos seis meses, caso um atraso adicional em uma injeção de capital e outras vendas de ativos impeçam a Raízen de cortar a alavancagem para perto de 3 vezes no ano fiscal de 2027 e abaixo disso nos anos seguintes.
B3 enquadra Raízen
Na última semana, a Raízen informou ao mercado que a B3 solicitou que a companhia divulgue os procedimentos e o cronograma das medidas que serão adotadas para o reenquadramento da cotação ao valor mínimo exigido, cuja regularização deverá ocorrer até 29 de maio de 2026.
As ações vêm sendo negociadas abaixo de R$ 1 desde 6 de outubro, sendo classificadas como penny stocks.
Segundo as regras da B3, uma ação só é considerada penny stock quando permanece abaixo de R$ 1 por ao menos 30 pregões seguidos. Isso pode levar a empresa a sofrer algumas sanções por parte da administradora da Bolsa brasileira, como a retirada de índices dos quais faz parte – incluindo o Ibovespa.
“A Raízen esclarece que está avaliando as alternativas e adotará as medidas necessárias para promover tal reenquadramento dentro do prazo estipulado, levando em consideração a evolução da execução do seu plano de negócios”, disse, em comunicado.
Para evitar esse tipo de punição, empresas nessa situação podem optar por fazer um grupamento de ações, operação que reúne um grupo de ações para aumentar o preço unitário e tirá-las da faixa dos centavos.