Raízen (RAIZ4) reverte perdas e sobe mesmo com prejuízo bilionário; o que fazer com ações, segundo BTG e XP
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A Raízen (RAIZ4) reportou na última sexta-feira (14) prejuízo líquido de R$ 2,57 bilhões no terceiro trimestre da safra 2024/2025 (3T25). Na manhã desta segunda (17), a ação liderava as quedas do Ibovespa por volta de 10h59, recuando 2,83%.
No fechamento, a ação reverteu as perdas, subindo 2,82, enquanto a holding Cosan (CSAN3) avançou 2,64%.
Segundo o BTG Pactual, os resultados representam um trimestre confuso e com baixo desempenho, sendo o primeiro desde o anúncio de mudanças estratégicas e a tentativa de voltar ao básico.
“Desde o anúncio do dos dados operacionais trimestrais da Raízen, ficou claro que o impacto dos incêndios florestais no mix de produção upstream e nos custos prejudicaria as margens e que os resultados downstream não seriam particularmente notáveis. O Ebitda de R$ 3,1 bilhões, 16% abaixo das estimativas e 21% menor no comparativo anual, ressalta essas questões”, veem Thiago Duarte e equipe.
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Fora isso, a Raízen também anunciou mudanças no alto escalão da companhia, com a saída de Francis Vernon Queen Neto do cargo de vice-presidente de etanol, açúcar e bioenergia para entrada de Geovane Dilkin Consul, que atuou como CEO da BP Bunge Bioenergia e da BP Bioenergy.
Essa e outras nove mudanças de cargos na alta gerência, anunciados desde dezembro, ressalta o senso de mudança que a companhia tenta imprimir, focada na criação de valor para os acionistas e na otimização de nossa estrutura de capital, segundo o BTG.
“Mantemos compra (preço-alvo de R$ 7 e potencial de alta de 300%) enquanto esperamos que mesmo uma pequena melhora no perfil do FCF possa desbloquear uma alta significativa no preço das ações. Após esses resultados, vamos atualizar nossas estimativas com base em projeções para conservadoras”.
RAIZ4: A visão da XP
Para a XP Investimentos, a Raízen reportou um trimestre fraco. De acordo com os analistas, a receita líquida cresceu 14% no comparativo anual e ficou 11% acima das estimativas da casa, em R$ 66,8 bilhões, devido ao aumento dos volumes de negociação em açúcar.
“A empresa consolidou seus números de reporte para Açúcar e Renováveis – reduzindo a visibilidade dos lucros – e reportou um Ebitda ajustado de R$ 1,9 bilhões, avanço de 7% em um ano e 7% acima das nossas estimativas, embora alguns ajustes não estejam totalmente claros para nós”, apontam Leonardo Alencar e equipe.
Segundo os analistas, a queima de caixa foi maior do que o antecipado, totalizando R$ 907 milhões, e a relação ND/Ebitda ficou em 3,0x contra a estimativa de 2,6x da XP. “Esperamos uma reação negativa na sessão de negociação de amanhã”.
Apesar disso, a XP mantém sua recomendação de compra e preço-alvo de R$ 4,40 para ação (potencial de alta de 155,81%).
Foco na redução de caixa
Agora, a Raízen está focada em ganhar eficiência e promover uma reestruturação financeira e operacional, a fim de reduzir a queima de caixa derivada de um ciclo de crescimento dos negócios nos últimos anos, afirmaram executivos da companhia nesta segunda-feira.
O presidente-executivo da Raízen, Nelson Gomes, disse em teleconferência de resultados, que o último ciclo de crescimento trouxe “muita complexidade e distração”, além de um aumento da dívida, que foi amplificado pela alta de juros, “o que traz um senso de urgência bastante grande para tomar as ações necessárias e trazer a companhia de volta ao equilíbrio”.
A Raízen irá interromper o lançamento de novos projetos de crescimento nessa nova fase, mas manterá a construção de duas usinas de etanol de segunda geração, com investimentos estimados de R$ 1,6 bilhão, afirmou o diretor financeiro, Rafael Bergman.
O executivo disse ainda que a companhia, que é a maior produtora de açúcar e etanol de cana do mundo, está focada no “dever de casa” de eficiência e mudança de estratégia antes de pensar em outras alternativas como aumento de capital.
*Com informações da Reuters