Raízen (RAIZ4) foca em reduzir queima de caixa e no ‘dever de casa’
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A Raízen (RAIZ4) está focada em ganhar eficiência e promover uma reestruturação financeira e operacional, a fim de reduzir a queima de caixa derivada de um ciclo de crescimento dos negócios nos últimos anos, afirmaram executivos da companhia nesta segunda-feira (17).
O presidente-executivo da Raízen, Nelson Gomes, disse em teleconferência de resultados que o último ciclo de crescimento trouxe “muita complexidade e distração”, além de um aumento de custos e dívida que foi amplificado pela alta de juros, “o que traz um senso de urgência bastante grande para tomar as ações necessárias e trazer a companhia de volta ao equilíbrio”.
A Raízen, que é a maior produtora de açúcar e etanol de cana do mundo, reportou na última sexta-feira prejuízo líquido de R$2,57 bilhões no terceiro trimestre da safra 2024/25 (outubro/dezembro), revertendo o lucro de R$793,3 milhões apurado no mesmo período da temporada anterior.
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“Então na próxima safra, que começa em 1º de abril, a gente inicia um novo ciclo dessa companhia… Simplificação faz parte do nosso traço cultural daqui para frente. Simplificação da nossa estrutura, simplificação dos nossos processos internos, do nosso portfólio”, destacou o executivo.
Entre as ações necessárias para melhorar a situação financeira da companhia, ele ressaltou a revisão do portfólio de ativos, com novos potenciais desinvestimentos, e o reposicionamento das operações de trading, voltando ao foco em açúcar, etanol e originação de derivados para distribuição nos postos.
Nesse nova fase, a Raízen irá interromper o lançamento de novos projetos de crescimento, afirmou o diretor financeiro, Rafael Bergman.
A companhia manterá, porém, a construção de duas usinas de etanol de segunda geração, com investimentos estimados de R$1,6 bilhão, e a segunda fase dos investimentos na refinaria na Argentina.
“Então, esses são os projetos de crescimento que a gente vê para 25/26, sem abertura de novas iniciativas… Isso já vai representar uma redução do desembolso de Capex, que obviamente tem sido um dos motivos para a queima de caixa da companhia”, disse Bergman.
A Raízen também não irá priorizar distribuição de dividendos para os acionistas, em função da necessidade de preservar caixa, acrescentou ele.
Os investimentos para o próximo ano estão sendo calibrados, mas a empresa prevê manter o patamar atual do Capex recorrente, a fim de garantir “a segurança e a produtividade dos ativos do jeito que eles estão”.
Em relação a desinvestimentos, o executivo comentou que a empresa “não tem dogma” ao ser questionado sobre eventuais alienações de usinas de açúcar.
“Então, sim, tem um estudo em andamento para a gente avaliar o portfólio de usinas, para a gente garantir que o resultado dessas ações vai ser um portfólio mais forte, mais sinérgico”, comentou.
O diretor financeiro disse ainda que a companhia está focada no “dever de casa” de eficiência e mudança de estratégia antes de pensar em outras alternativas como um aumento de capital.