Raizen (RAIZ4) e cia em queda: nova redução do ICMS vai “matar” ramo do etanol?
Os agentes de mercado estão atentos à nova tentativa do governo em reduzir o preço dos combustíveis no Brasil. Na segunda-feira (6), o governo anunciou um acordo que pretende zerar o ICMS sobre o diesel e o gás de cozinha, além de reduzir o ICMS e zerar impostos federais sobre a gasolina e o etanol — e em contrapartida, estados terão parte de sua arrecadação do ICMS perdida compensada pelos cofres da União.
Nesta terça-feira (7), em entrevista a agência de notícias Bloomberg, Adriano Pires, economista que chegou a ser indicado pelo Planalto para o cargo de CEO da Petrobras (PETR4), disse que o pacote anunciado pelo governo pode “matar o etanol” por acabar com a competitividade entre os combustíveis.
Segundo Pires, o pacote do governo, além de ser insuficiente para frear uma novo aperto nas bombas caso a preço internacional do petróleo suba, desregula o mercado dos combustíveis, por, na prática, ser um subsídio nos preços da gasolina e do diesel.
Um relatório do BTG Pactual divulgado também nesta terça aponta que empresas como a Raízen (RAIZ4), São Martinho (SMTO3), Jalles Machado (JALL3) e BrasilAgro (AGRO3) podem ter impacto negativo em seu desempenho graças a uma queda no preço dos combustíveis. E os papéis já sentem os temores — no dia de hoje, as empresas acumularam quedas de 5,20%, 5,15%,3,79% e 0,52%, respectivamente.
“Agora é tarde”
Para o economista e professor da USP Paulo Feldman, a proposta do governo realmente tem chances de impactar negativamente os produtores de etanol, e outras maneiras de frear o aumento dos preços deveriam ter sidos propostas anteriormente.
“Agora que a situação realmente ficou perigosa para eles, acordaram. O impacto poderá ser grave porque a regra que existe hoje no Brasil é: o álcool é 70% do preço da gasolina. Como a gasolina deverá cair bastante, o álcool vai ter que cair. E, justamente, o álcool caindo prejudicará os usineiros“, afirmou.
Feldman acredita que a queda das ações das empresas do setor é explicada, justamente, pelo receio de acionistas de que o os novos valores do álcool acabem representando prejuízo aos produtores.
“A bolsa funciona em função das expectativas futuras. O acionista está vendo que as pessoas não vão mais consumir o álcool porque esses incentivos feitos agora são direcionados à gasolina. Com a proporção de 70% do preço da gasolina e a queda no preço, o álcool dará prejuízo, como alegam os usineiros. Então os compradores de ações estão visualizando possíveis prejuízos futuros para eles”, explicou.
O professor acredita que os produtores deverão focar nas exportações para tentar driblar a queda nas receitas.
“Não vão mais querer colocar álcool no Brasil e o país ficará ainda mais dependente da gasolina. Essa proposta é desastrosa e eu espero que não seja aprovada no Senado“, diz.
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