Raízen (RAIZ4): Ações despencam após 1T25 e analistas citam preocupações; o que fazer?
A Raízen (RAIZ4) reportou um avanço de 58,8% no lucro líquido do primeiro trimestre da safra 2024/2025 (1T25), passando de R$ 671 milhões para R$ 1,065 bilhão, na comparação com o 1T24. No entanto, os resultados não foram tão bem recebidos e as ações fecharam o pregão desta quarta-feira (14) com baixa de 4,13%, em R$ 3,25.
Segundo o BTG Pactual a Raízen começou o ano fiscal com Ebitda ajustado de R$ 2,3 bilhões, ficando 19% abaixo da sua estimativa e 30% abaixo anualmente, por conta de menores margens para açúcar e etanol, prejudicadas pelos estoques e pelo MTM da CBios.
O banco segue esperando para ver tendências que talvez possam sinalizar se a Raízen pode, finalmente, estar perto do ponto em que o enorme capital empregado tanto na capacidade E2G quanto nas áreas de cana-de-açúcar comece a dar frutos.
“Esperamos que o ano fiscal de 2025 seja o ano em que a Raízen atinja o ponto de equilíbrio do ponto de vista da geração de FCF (graças a alguma racionalização de capex), a partir do qual esperamos ver algumas tendências de desalavancagem muito necessárias no futuro”, diz.
O banco vê as ações negociadas com 20% de desconto em relação ao múltiplo combinado de seus pares. A recomendação é de compra (preço-alvo de R$ 7) e o “potencial de alta embutido nas ações assumem que esse desconto se dissipará quando a Raízen atingir esse ponto”, afirmam Thiago Duarte, Pedro Soares e Henrique Pérez.
Menores volumes de açúcar e etanol
Para a XP Investimentos, as expectativas de um início de ano lento se concretizaram, particularmente devido a volumes fracos de açúcar e etanol, além de questões pontuais que afetaram negativamente as margens da Mobilidade Brasil. A casa recomenda compra, com preço-alvo de R$ 6.
Embora o lucro tenha sido um pouco menor do que o esperado, o Ebitda ajustado (excluindo R$ 1,8 bilhão de créditos fiscais) foi de R$ 2,3 bilhões, 7% abaixo do X Pe devido às margens mais fracas de Açúcar e Mobilidade Brasil. Entre os pontos positivos, eles destacam:
- custos caixa unitários (açúcar equivalente) diminuíram 2% anualmente, deixando espaço para um maior otimismo em relação às margens de açúcar e etanol à medida que os volumes devem crescer nos próximos trimestres;
- alavancagem permaneceu controlada em 2,3x Div. Liq/Ebitda, apesar da estratégia de volumes mais baixos, enquanto o Capex ficou em linha com nossas estimativas;
- monetização de crédito tributário permaneceu forte e chegou a R$ 1,2 bilhão no trimestre.
Ponto de inflexão para RAIZ4?
Segundo a UBS BB, o ciclo 2024/2025 pode ser um ponto de inflexão para a companhia, porém, com maior geração de caixa, ajustes de balanço (como iniciados neste trimestre) e o início das entregas de seu plano de IPO começando a se concretizar de forma mais clara. O banco recomenda compra (R$ 5,10).
“Apesar disso, a Raízen enfrenta uma difícil batalha para recuperar o interesse e a confiança dos investidores, em nossa visão. A empresa reportou margem de contribuição de 14% nas operações E2G, que esperamos aumentar até 2024/25 e 2025/26”, falam Luiz Carvalho, Matheus Enfeldt e Tasso Vasconcellos.
Assim como viram as outras casas, o Safra recorda que os resultados foram impactados negativamente pelo aumento dos estoques de açúcar e etanol e pelo ambiente competitivo mais acirrado na distribuição de combustíveis.
Pelo lado positivo, os preços do açúcar acima dos valores atuais de mercado e uma evolução positiva dos preços do etanol poderiam funcionar a favor da estratégia da empresa.
“A combinação de preços mais elevados e custos mais baixos deverá beneficiar os resultados no próximo alguns quartos. Além disso, a normalização dos estoques de diesel e o fim das vantagens fiscais nas importações deve ser positivo para a margem de distribuição de combustíveis no 2T25”, dizem Conrado Vegner e Vinícius Andrade