Raízen é grande demais para gerar valor e recuperar perdas em safra nova ainda pequena e mercado pressionado
Dos R$ 7,25 no dia da sua Oferta Pública Inicial (IPO), em 5 de agosto, a ação preferencial da Raízen (RAIZ4) não parou de ser descontada. Fechou cotada a R$ 5,56 nos negócios da quinta (6), quando a companhia foi autorizada pela B3 (B3SA3) a recomprar 40 milhões dos papéis em circulação.
Esse baita desconto e ainda com forte tendência de baixa – só ontem perdeu mais 3,61% -, dessa que era candidata a blue chip, não somente veio no período mais agudo da queda da produção da sucronenergia no Centro-Sul, mas porque também o mercado entende que a recuperação parcial da próxima safra não deverá ser suficiente.
Maior empresa mundial produtora de biocombustível e segunda em distribuição no Brasil, entre as maiores de açúcar, com 26 unidades de produção e centenas de milhares de hectares de cana própria (boa parte em arrendamento), a joint venture entre Cosan (CSAN3) e Shell é vista como grande e complexa demais para gerar valor em um mercado pressionado, de acordo com alguns analistas ouvidos por Money Times.
Além da quebra extraordinária de todo o setor na safra 20/21, para 520 milhões de toneladas de cana (a safra anterior foi de 606 milhões/t), a próxima não seria ainda suficiente para amortizar as últimas perdas em meio a custos elevados de produção no campo. As projeções são para 550 a 560 milhões/t.
Ainda em um cenário incerto quanto ao consumo de etanol e de preços do açúcar no mercado internacional, especialmente agora que a Índia está saindo com uma safra superavitária em produção e exportações.
Ao enxugar 3,21% das ações em circulação, apenas seis meses depois do maior IPO de 2021, tentando abortar a depreciação e proteger os acionistas, a Raízen ou acredita que haja insensatez do mercado ou avalição incorreta do seu valor.