Raia Drogasil já está curada, apontam analistas
A Raia Drogasil (RADL3) realizou o Investor Day na última sexta-feira (4), encontro no qual a diretoria executiva teve a oportunidade de apresentar a analistas detalhes sobre iniciativas digitais e crescimento operacional da companhia.
Em resposta ao evento, BTG Pactual, UBS e Safra publicaram relatórios nesta semana sobre a rede de drogarias e listaram prognósticos para o próximo ano.
O BTG Pactual inicialmente destaca o plano “sólido de expansão para 2020” pelo guidance (estimativa oficial da empresa) de abertura de 240 unidades. A expectativa de ganhos nas margens e a maturidade do crescimento das vendas de “mesmas lojas” (unidades abertas há pelo menos um ano) também foi ressaltada pelos analistas Luiz Guanais e Gabriel Savi.
Pior ficou para trás
“Depois de ficar lutando em 2018 diante de um mercado mais agressivo, focado em preços (principalmente em genéricos), e de algumas tentativas de concorrentes regionais para a expansão por todo o país, vemos perspectivas (e um ponto de inflexão) para a Raia Drogasil nos próximos trimestres”, avalia o BTG Pactual. “O pior ficou para trás”, completa o banco.
Os analistas apontam ainda o aprimoramento no sistema de precificação da empresa, o que “permite estratégias de preços mais assertivas”, e a expectativa de que a Raia Drogasil deva ter desempenho operacional superior aos concorrentes, que tiveram suas margens de lucro reduzidas pela expansão orgânica realizada e maior competitividade no setor.
Cliente no centro
No desenvolvimento de sua plataforma omnichannel (termo utilizado em marketing para explicar diversos canais de venda dentro da mesma operação), o BTG Pactual destaca que a Raia Drogasil mostra ter no cliente o centro de suas atenções, através dos seguintes pontos: permanência agradável do consumidor dentro da loja; experiência positiva no e-commerce; delivery e conveniência.
“A Raia Drogasil possui uma clara vantagem de contar com aproximadamente 2 mil lojas e cerca de 1 milhão de clientes na plataforma digital nos últimos 12 meses, o que deverá assegurar o crescimento contínuo de sua plataforma online”, apontam Guanais e Savi.
A recomendação para as ações é de compra e o preço-alvo projetado pelo BTG Pactual é de R$ 90 para doze meses. Caso se materializem as projeções, o papel pode apresentar queda de 11,8% – de acordo com o fechamento desta terça-feira (8).
39% da população do Brasil
Por sua vez, o UBS está um pouco mais cético, projetando preço-alvo de R$ 84 para as ações e recomendação neutra para as ações. A expectativa de desvalorização dos papeis é de 18,5% em doze meses, embora o banco destaque que revisará o modelo após o resultado do terceiro trimestre.
Em novo modelo de avaliação com base no número de clientes novos e de existentes, o UBS calcula que os clientes existentes adicionam 39% a cotação da ação e os novos acrescentam 86%. Já as despesas da empresa reduzem o valor do papel em 22%.
“Em uma indústria que pode crescer a 8,5% ao ano, em 2030 cerca de 39% da população do Brasil (ou 90 milhões de pessoas) serão clientes da Raia Drogasil e a empresa terá market share de 28%”, opinam os analistas Gustavo Piras Oliveira, Gabriela Katayama e Rodrigo Alcantara.
Curto prazo positivo
Já a equipe de análise do Safra elevou a projeção de preço-alvo para os papeis, de R$ 72,10 neste ano para R$ 106,10 no final de 2020, com recomendação neutra. A ação poderá subir 2,8% se a estimativa do analista Marcio Osako se confirmar.
A revisão leva em conta os seguintes pontos: melhores projeções de curto prazo; otimismo com a Onofre; novas estimativas macroeconômicas, com Selic de 4,5% no final de 2020 e menor taxa de desconto.