Rafael Vorburger: saiba como comprar criptoativos com segurança e escape das pegadinhas
Na última semana, a mídia noticiou que corretoras turcas fecharam e sumiram repentinamente com criptomoedas dos clientes.
As empresas só “existiam” na internet e vídeos do suposto CEO de uma delas, postados nas mídias sociais para atrair consumidores, foram desenvolvidos por inteligência artificial (era um “fake”).
No mercado financeiro (tradicional ou não), fraudes acontecem todos os dias. Golpistas se valem da fácil divulgação pela internet e do desconhecimento de uma sociedade ansiosa pela ilusão do lucro rápido e fácil.
Com o “boom” das criptos, não é diferente. Muito se fala das oportunidades que a criptoeconomia pode oferecer. “Bitcoin”, “blockchain” e “rentabilidade” são as palavras da vez.
É difícil não simpatizar com esse ecossistema que lhe dá a justa oportunidade de investir o seu dinheiro sem um intermediário enviesado “mordendo” parte do meu patrimônio.
Mas você já parou para pensar o que você realmente sabe sobre as empresas que operam negociações com criptomoedas e/ou outros ativos digitais?
Antes de investir, você pesquisa e se informa com quem entende do tema ou se deixa seduzir apenas pelo marketing e propagandas pagas em redes sociais?
São perguntas que você deve fazer antes de aplicar o seu patrimônio, pois todo investimento possui um risco.
Lições para investir com segurança
Investir sozinho com o objetivo de ampliar suas chances de retorno é justo, democrático e está ao alcance de todos. Mas é importante lembrar da regra de ouro deste universo: atenção à sua educação financeira na hora de alocar o patrimônio.
Além de entender melhor o mercado financeiro, com uma simples lição de casa, você aplica o seu dinheiro com muito mais segurança. Antes de investir, busque pelas seguintes respostas:
1. Qual é a reputação da empresa em plataformas de interesse do consumidor como, por exemplo, o Reclame Aqui?
É essencial entender as principais reclamações dos clientes e verificar se a corretora responde aos questionamentos e soluciona as demandas.
Se a empresa tiver mais de um cadastro na plataforma, consulte todos eles. Verificar a nota que consta na plataforma é outro ponto importante, pois reputação é indispensável em qualquer segmento. Cuidado com empresas não recomendadas!
2. A empresa existe fisicamente no Brasil ou somente no mundo virtual?
Em caso de eventuais problemas, muitos consumidores não conseguem executar os seus direitos contra empresas que só existem na internet ou que estão fora do Brasil (pois elas não possuem patrimônio e representação no país).
Cheque se há CNPJ e composição societária no Brasil e não se deixe enganar por um site e mídias sociais que podem ser criados e alimentados de qualquer lugar do mundo.
3. Você conhece os executivos que lideram essa empresa? Qual é o currículo dessas pessoas? Eles estão no Brasil ou em locais onde o consumidor não tem proteção (no exterior)?
Transparência empresarial é fundamental para a segurança no mundo dos investimentos. Conhecer quem está “por trás” da empresa permite que você busque informações sobre elas e seu histórico no Brasil.
Ela atua no Brasil e os executivos estão todos fora? Fique ligado. Desconfie de grandes empresas que só divulgam o nome do CEO/Presidente.
4. A empresa possui funcionários por aqui ou só no exterior, onde os consumidores não têm alcance?
Na linha dos itens anteriores, uma empresa confiável é uma empresa transparente. Quanto maior se diz a empresa, mais funcionários ela tem.
Os funcionários estão no exterior? Alerta de atenção ligado, pois isso pode dificultar bastante a resolução de problemas dos consumidores.
5. A empresa já sofreu alguma penalização por violar as leis brasileiras?
Uma corretora que já foi punida por uma entidade brasileira um é sinal claro de que ela não observa as leis no país. Se ela não respeita as normas por aqui, talvez não respeite os seus direitos também. Uma simples pesquisa na internet pode te ajudar.
6. A empresa reporta suas operações a autoridades brasileiras que defendem os interesses do consumidor?
Se uma empresa lucra com a venda de serviços no Brasil, ela precisa cumprir com as normas brasileiras e observar os direitos do consumidor no país. Cuidado com empresas que, apesar disso, afirmam não se submeter às regras brasileiras por serem estrangeiras.
7. Essa empresa possui autorização para operar no Brasil?
Diversos serviços financeiros precisam de autorização de reguladores como o Banco Central e a Comissão de Valores Mobiliários.
Com uma simples busca na internet, é possível, por exemplo, verificar se uma corretora de criptomoedas ou gestora de um fundo já sofreu uma punição por atuar sem a devida autorização. Cuidado com empresas já penalizadas.
8. Quando há um problema, essa empresa presta atendimento diretamente ou o consumidor é atendido por empresas terceirizadas que sequer conhecia?
Se você tem um problema com uma corretora e é atendido por um suporte terceirizado (isto é, por outra empresa), isso pode não só atrasar a solução da sua demanda, como sequer pode ocorrer de forma eficiente.
Priorizar corretoras que possuem um time interno de atendimento é sempre mais positivo, pois conhecem a realidade da empresa e demonstram maior compromisso com você.
9. A empresa possui Política de Privacidade, Política Tratamentos de Dados Pessoais e Políticas de Segurança publicadas em português?
As corretoras que prestam serviço no Brasil (sendo estrangeiras ou não) estão obrigadas, por lei, a ter essas políticas de proteção ao consumidor e aos dados pessoais dos clientes disponíveis.
Devem integrar o site da empresa de forma clara e em português. A inexistência dessas políticas representa grave ilegalidade e reforça a falta de compromisso com a sua segurança.
Como abrir conta em corretoras brasileiras
de criptomoedas?
Se uma ou mais respostas forem negativas, ou se você não achar essas respostas sobre determinada empresa, o risco para você e o seu investimento aumenta.
Você está no Brasil e, por consequência, estará mais protegido se a empresa que opera os seus investimentos estiver regular no país e for transparente.
“Informação é poder. É proteção. É um direito seu ser informado sobre todos os aspectos do serviço ou produto exposto ao seu consumo.”