Radio Cash: O Brasil se tornará um país liberal? Salim Mattar responde
O presidente Jair Bolsonaro foi eleito prometendo privatizar empresas públicas e enxugar o Estado, algo impensável há alguns anos.
Mas o governo avançou pouco, nestes dois anos, com as tão aguardadas vendas das estatais. O que deu errado? Será que o Brasil, algum dia, se tornará um país verdadeiramente liberal?
Para responder a essas e outras perguntas, o RadioCash, comandado por Felipe Miranda, estrategista-chefe da Empiricus, George Wachsmann, da gestora Vitreo, e Ana Westphalen, responsável pela área de fundos da Empiricus, conversaram Salim Mattar, ex-secretário de Desestatização do governo Bolsonaro.
“O Brasil não corre o risco de dar certo”, afirma, citando outro liberal conhecido, Roberto Campos. “A máquina não aceita ser reduzida”, completa.
O executivo deixou a presidência do conselho da Localiza (RENT3) em 2018 para integrar o governo. Sua função era privatizar algumas das quase 700 estatais brasileiras. Dezoito meses depois, ele deixou o governo com apenas uma estatal fechada, a Companhia de Armazéns e Silos do Estado de Minas Gerais (Casemg).
“Bom negócio”
“Um dos bons negócios no Brasil é você ser sócio do governo. Isso aconteceu muito ao longo dos anos. Quando eu percebi que o establishment não desejava privatizar, eu pensei: energia demais para resultado de menos”, afirma.
Mesmo assim, Mattar afirma que a passagem pelo governo serviu para mostrar “as entranhas do poder por dentro”.
“Esse país foi descoberto há 500 anos e nunca houve um governo liberal. Ele está sendo governado por sociais-democratas, que além de governá-lo por 35 anos, deixaram um legado que chama Constituição de 1988, absolutamente centralizadora. É graças a isso que temos esse estado gigantesco”, provoca.
Segundo o executivo, o liberalismo é difícil de alcançar a base da população brasileira, diferente de outros discursos populistas. “O liberalismo não faz ninguém ganhar eleição”, diz.
Além disso, Mattar fala sobre os bastidores de sua passagem pelo governo e aponta por que é tão difícil executar a agenda liberal no Brasil.