Rabobank: 2023 indica transição no mercado dos fertilizantes; quais ações do agro podem ser impactadas?
O ano de 2023 deve marcar uma transição no ciclo de preços de fertilizantes, na visão do Rabobank, em estudo publicado nesta semana.
Em 2021 e 2022, o setor convivia com preços elevados por conta da pandemia da Covid-19 e o início da Guerra na Ucrânia, que mexeu com o mercado.
De acordo com Bruno Fonseca, economista sênior do Rabobank, o ano atual marca uma retomada no poder de compra do produtor rural.
“Esse movimento acontece principalmente pela queda dos fertilizantes. As commodities podem enfrentar uma oscilação daqui para frente, mas, por conta dos insumos, acreditamos que esse índice ao produtor deve melhorar. Esse cenário aponta para uma retomada do consumo em alguns países, como o Brasil e Estados Unidos, já em 2023, sendo o ano atual um momento de transição entre a queda de consumo em 2022 e a retomada dos níveis pré-pandemia em 2024 e 2025”, explica.
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No lado da produção de alimentos, os maiores benefícios devem ficar para o Brasil, China e Estados Unidos, enquanto no cenário das exportações, os maiores ganhos devem ficar para Rússia e Canadá, grandes produtores de fertilizantes.
Variação dos preços
Há um ano, o preço do trio NPK (nitrogênio, fósforo e potássio) atingiam patamares históricos, em função dos efeitos da guerra da Ucrânia. Hoje, os preços dos fertilizantes estão muito próximos da média histórica.
Preços do trio NPK (US$/t) | Ureia (N) | MAP (P) | KCL (K) |
---|---|---|---|
Maio/22 | 703 | 1150 | 1120 |
Maio/23 | 320 | 532 | 389 |
Média histórica | 346 | 493 | 385 |
Fertilizantes biológicos
Para Fonseca, o Brasil, a partir desse momento mais conturbado no mercado de insumos químicos, abriu espaço
para maior uso de fertilizantes biológicos.
“Essa é uma tendência positiva, mas que não deve substituir 100% os fertilizantes químicos. Ainda assim, esse movimento indica uma liderança do Brasil neste mercado, principalmente no biocontrole”, diz.
O economista ressalta que, mesmo com menor uso de químicos nos últimos dois anos pelos produtores, os fertilizantes NPK ainda são “indispensáveis”.
“A aplicação de fósforo (P) na lavoura, que teve uma forte queda no consumo em 2022, pode reduzir entre uma safra e outra, porque existem estoques no solo. Por outro lado, se o produtor corta o uso desse fertilizante na sua totalidade, pode acabar comprometendo a safra”, comenta.
Empresas impactadas
Na visão de Leonardo Alencar, analista da XP Investimentos, a queda no preço dos fertilizantes beneficia principalmente empresas como BrasilAgro (AGRO3), SLC Agrícola (SLCE3), Jalles Machado (JALL3)
e São Martinho (SMTO3), mas acredita que esse “ganho” deve ser apenas para a safra 2023/2024.
“É importante ressaltar que esse ganho com os fertilizantes está muito atrelado ao momento da compra desses insumos. Por outro lado, a AgroGalaxy (AGXY3) deve ser impactada na receita. Já a 3tentos (TTEN3), deve ter impacto na produção dos fertilizantes”, explica.
Confira a recomendação da XP para as ações:
Empresa | Código | Recomendação | Preço-alvo (R$) | Potencial de alta (%) |
---|---|---|---|---|
BrasilAgro | AGRO3 | Neutro | 31,80 | 37 |
SLC Agrícola | SLCE3 | Compra | 58,80 | 69 |
Jalles Machado | JALL3 | Compra | 11,00 | 32 |
São Martinho | SMTO3 | Compra | 33,50 | – |
AgroGalaxy | AGXY3 | Compra | 16,10 | 167 |
3tentos | TTEN3 | Compra | 16,20 | 32 |