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R$ 54 milhões por uma vaca: a história por trás do animal mais caro do Brasil

25 nov 2025, 13:53 - atualizado em 25 nov 2025, 13:00
A nova “vaca de ouro” do agro brasileiro mostra por que a genética vale mais que carne, leite ou pedigree
A nova “vaca de ouro” do agro brasileiro mostra por que a genética vale mais que carne, leite ou pedigree

A pecuária brasileira acrescentou mais um capítulo ao seu repertório de números grandiosos. O ativo da vez é uma vaca — e não qualquer vaca. Donna FIV CIAV, matriz Nelore de dez anos, acaba de alcançar a avaliação recorde de R$ 54 milhões, o maior valor já registrado no segmento.

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O resultado veio em um leilão realizado em Foz do Iguaçu, no qual 25% de sua propriedade foram arrematados por R$ 13,5 milhões. O lance não apenas superou com folga o recorde anterior, como também consolidou Donna no topo de um mercado pautado por genética superior, eficiência produtiva e forte competição entre criadores de elite.

A pergunta inevitável permanece: como um animal chega a valer mais do que um imóvel de alto padrão ou um jato executivo?

A resposta se resume a um conceito central, ainda que cheio de nuances: genética.

Por que Donna vale tanto?

O valor de Donna não está associado à produção de carne ou ao volume de leite. Segundo Hyberville Neto, da HN Agro, o preço reflete sua capacidade de transmitir características genéticas raras, especialmente atributos ligados a carcaça e rendimento, fatores decisivos para a qualidade e o valor da carne que chega ao consumidor.

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O histórico da matriz confirma essa avaliação:

E o destaque não para por aí. O recorde anterior também era da família: sua mãe, Parla FIV AJJ, foi avaliada em R$ 27 milhões no início do ano. No universo do Nelore, pedigree é destino — e Donna carrega duas referências do setor: Parla e o touro Bin Ben da Santa Nice.

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Quando genética vira ativo financeiro

O leilão que projetou Donna a R$ 54 milhões é apenas a face mais visível de um setor que movimenta cifras bilionárias. O Brasil detém uma das maiores cadeias de carne bovina do mundo, movimentando cerca de R$ 987,36 bilhões em 2024, o equivalente a 8,4% do PIB, segundo dados setoriais.

Nesse ambiente, a busca por genética superior se tornou uma corrida estratégica. Só na ExpoZebu 2024, principal vitrine da pecuária nacional, foram movimentados R$ 200 milhões em 39 leilões. Já a Expogenética, em agosto, registrou R$ 124,3 milhões, R$ 38 milhões acima do ano anterior.

A lógica, segundo Hyberville Neto, é direta: quem controla a genética mais valorizada produz mais, melhor e com maior eficiência econômica. Isso vale para matrizes, touros, prenhezes, embriões e, por consequência, para todo o rebanho que deriva dessa linha.

Donna é um exemplo clássico desse modelo: uma matriz tratada como ativo reprodutivo premium, cuja genética gera receita direta e indireta — muito além da produção de carne ou leite.

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A trajetória que explica o recorde

O desempenho de Donna nos últimos anos ajuda a entender sua valorização acelerada:

Vaca Donna. Imagem: divulgação
Vaca Donna. Imagem: divulgação
  • Recordista em vendas de prenhez em 2023;

  • Eleita Melhor Matriz do Ranking Nacional Nelore 2023/2024;

  • Destaque da ExpoZebu 2024, com 33% da propriedade vendidos por R$ 15,48 milhões;

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  • Na ExpoZebu 2023, um terço de seus direitos foi comercializado por R$ 5,16 milhões, projetando valor total de cerca de R$ 15,48 milhões na época;

  • Valorização expressiva: de R$ 15 milhões estimados no ano passado para os R$ 54 milhões atuais.

Os compradores da nova fração — Nelore Huff e Nelore Traia Veia — se somam a nomes tradicionais do setor, como Casa Branca Agropastoril, Agropecuária Mata Velha e Nelore LMC.

Animais desse porte são frequentemente negociados em condomínios pecuários, modelo no qual cada cota dá direito à exploração genética, divisão de embriões, prenhezes e participação em eventos e premiações.

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Os outros “ativos milionários” da pecuária de elite

Antes de Donna, a elite do mercado era comandada por matrizes igualmente valorizadas:

  • Parla FIV AJJ – R$ 27 milhões;

  • Carina FIV do Kado – R$ 24 milhões;

  • Viatina-19 FIV Mara Móveis – R$ 21,5 milhões.

Todas pertencem ao grupo restrito de matrizes tratadas como “blue chips” da pecuária: animais que funcionam como referência de desempenho e lastro de valorização.

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O que impressiona, entretanto, é o salto: Donna vale o dobro do recorde anterior, um movimento raro até mesmo entre investidores experientes do setor.

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Repórter
Jornalista com especialização em Gestão de Mídias Digitais. Atua como repórter nos portais de notícias Money Times e Seu Dinheiro.
isabelle.miranda@seudinheiro.com
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