R$ 5,00 ou R$ 4,90: Como a ata do Fed deve interferir na cotação do dólar
Daqui a pouco, o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) divulgará a ata da última reunião da autoridade monetária, realizada no fim de julho. Na ocasião, o BC norte-americano voltou a elevar a taxa de juros, em 0,25 ponto percentual, para o intervalo entre 5,25% e 5,50%.
Nos últimos dias, o dólar vem exibindo força globalmente refletindo um combo de movimentos. Há quem diga que a aversão global ao risco venha do receio com uma desaceleração econômica na China, na segunda-feira (14), houve reflexos das prévias eleitorais na Argentina, além de indicadores de atividade dos Estados Unidos e da Europa.
Fato é que o Credit Default Swap (CDS, na sigla em inglês), que mede o risco País, vem subindo nos últimos dias e a escalada tem refletido no comportamento do Dollar Index (DXY) – índice que mede a força do dólar ante uma cesta de moedas.
O DXY, que opera em alta de 0,1% nesta quarta-feira (16), saiu de 100 pontos em 26 de julho para 103,4 pontos hoje. Ou seja, um avanço de 3%.
Aqui, o dólar à vista opera nas máximas desde o começo de junho, chegando a flertar com os R$ 5,00. Desta forma, a ata do Fed trará acalento à moeda norte-americana ou deixará os mercados mais estressados?
Como o dólar deve reagir à ata do Fed?
Para o sócio e analista da Ajax Capital, Rafael Passos, não há espaço para a ata ter um discurso “dovish”.
“Ou seja, [o Fed] deverá seguir mais duro. Estamos vendo uma desaceleração da inflação, o que tem sido positivo e dado fôlego aos ativos de risco, visto a ‘pernada’ deles. Sendo assim, não há espaço para falas mais leves da autoridade monetária, sem ‘cavalo de pau’ no discurso”, comenta.
Passos reforça que, no mercado local, o dólar vem acompanhando o fortalecimento da divisa estrangeira no exterior. O que também vem ajudando a espantar investidores estrangeiros da Bolsa brasileira.
Reflexo disso é a maior sequência negativa em quase 40 anos do índice Ibovespa que chegou ontem ao 11º pregão seguido de queda, ajudada pela fuga de investidores estrangeiros do país. Os gringos já retiraram da B3 em agosto R$ 7 bilhões, com saques por nove dias seguidos.
A sequência negativa coincidiu com o início de corte da taxa básica de juros (Selic) pelo Banco Central brasileiro no começo deste mês.
Por volta das 15h (de Brasília), o dólar caía 0,2% frente ao real, cotado a R$ 4,97 para venda.