Bets: R$ 20,8 bilhões foram gastos em jogos de aposta em agosto, mostra o Banco Central
O Banco Central estima que 24 milhões de pessoas participaram em jogos de azar e apostas no mês de agosto, realizando ao menos uma transferência via Pix para essas empresas. De acordo com a pesquisa do BC, estima-se que o valor total gasto é de R$ 20,8 bilhões.
Os números são divulgados em um momento em que os jogos de apostas, também conhecidos como bets, são ainda uma novidade no país. Liberadas no Brasil desde 2018 sem qualquer regulação, as apostas esportivas online criaram um mercado bilionário por meio de uma presença em massa nas tevês e redes sociais.
Segundo o BC, a maioria dos apostadores tem entre 20 e 30 anos e o valor médio mensal altera conforme a idade do apostador. Para os mais jovens, a cifra gira entorno de R$ 100 por mês, enquanto os mais velhos ultrapassam de R$ 3 mil.
Em agosto, cerca de 5 milhões de pessoas pertencentes a famílias beneficiarias do Bolsa Família gastaram R$ 3 bilhões em apostas utilizando o Pix (estimando um gasto de R$ 100 por pessoa).
Deste grupo, 4 milhões (70%) são chefes de família e enviaram R$ 2 bilhões (67%) por Pix para as bets.
“Para identificar as pessoas em grande vulnerabilidade financeira, utilizou-se a informação de beneficiários do PBF existente em dezembro de 2023”, explicou o banco. “Cerca de 17% desses cadastrados apostaram em período”.
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A pesquisa do Banco Central entra em linha com outros estudos que apontam as famílias de baixa renda como as mais prejudicadas pela atividade das apostas esportivas. “É razoável supor que o apelo comercial do enriquecimento por meio de apostas seja mais atraente para quem está em situação de vulnerabilidade financeira”, disse a autarquia em nota.
O BC afirmou estar atento ao tema e que precisa de ainda mais dados e tempo para ter uma avaliação melhor sobre os impactos econômicos, estabilidade financeira e bem-estar financeiro da população.
Bets avançam no país
As apostas esportivas foram liberadas no Brasil em dezembro de 2018, com a previsão de que a regulamentação fosse feita em no máximo quatro anos, o que não aconteceu. No ano passado, o Congresso aprovou uma primeira parte da regulação enviada pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e uma segunda etapa com regras de operação definidas pelo Ministério da Fazenda entrará em vigor a partir de outubro.
Empresas de apostas proliferaram pelo país desde a liberação em 2018, mas foi depois da Copa do Mundo de futebol de 2022 que o investimento do setor realmente começou a crescer no Brasil.
No último ano, com a perspectiva de regulação, grandes sites internacionais, em parceria com empresas brasileiras, chegaram ao país com gastos massivos em propaganda, inclusive com patrocínio em praticamente todos os clubes de futebol de elite do país, além dos principais campeonatos.
A regulamentação prevê que as empresas de apostas, para operar no Brasil, precisam ter presença no país e um sócio nacional, entre outros requisitos, como o pagamento de uma outorga. O governo abriu um prazo para que as interessadas se inscrevessem, e recebeu 113 registros até o prazo final, em 20 de agosto.
Empresas como a MGM Resorts International, Betfair, de propriedade da Flutter Entertainment, a sueca Betsson AB e a maior empresa de cassino e entretenimento dos EUA, Caesars Sportsbook, estão entre aquelas que fizeram pedidos de registro, disse Regis Dudena, secretário de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda.
A conta que o governo faz é de que, apenas nas outorgas para autorização de funcionamento, a arrecadação pode ser de até R$ 3,4 bilhões, sem contar os impostos que as bets regularizadas passarão a recolher aos cofres públicos.
*Com informações da Reuters