R$ 1 trilhão em patrimônio: O que os maiores tubarões compram na bolsa?
Nesse ano, a bolsa brasileira tem deixado de contar com a participação mais agressiva de grandes tubarões dos investimentos. Os maiores investidores institucionais têm evitado aportes no mercado de ações, mas ainda representam centenas de bilhões de reais no Ibovespa.
Os chamados fundos de pensão, conhecidos pelo nome técnico EFPC (Entidades Fechadas de Previdência Complementar), têm patrimônio somado de R$ 1 trilhão e são players importantes das equities no Brasil, além de financiarem vários projetos de infraestrutura, através de fundos exclusivos para isso.
Segundo dados da Abrapp (Associação Brasileira das EFPC), maior representante do setor no país, o investimento médio em renda variável de todos os fundos de pensão está, em média, em 12% das carteiras dessas entidades, no menor patamar desde 2016 (último ano com informações disponíveis).
No caso, os aportes em renda variável contemplam não só investimentos na bolsa, mas também em fundos de participações, exclusivos para investidores deste tamanho. Ou seja, o percentual de alocação na bolsa é abaixo desses 12%.
Como vários desses players têm patrimônio bilionário, qualquer mínimo percentual na bolsa já mexe com o preço das ações.
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As apostas de dois gigantes do setor
A Previ, do Banco do Brasil, tem R$ 251 bilhões em patrimônio. É o maior fundo de pensão do Brasil e um dos maiores do mundo.
Pelo seu tamanho, a entidade contribui para as estratégias de investimentos do governo, tendo grande peso em participações e empresas estatais da bolsa. Em algumas, o fundo é o acionista majoritário.
Aproximadamente 30% de seu patrimônio está na renda variável, incluindo ações e FIPs (fundos de participação). Entre os investimentos na bolsa, os maiores são*:
- Vale (VALE3), onde a Previ é a segunda maior acionista majoritária, com R$ 24,8 bilhões na empresa;
- Neoenergia (NEOE3), com R$ 7,8 bilhões;
- Banco do Brasil (BBAS3), com R$ 4,5 bilhões;
- Litel (LTEL3B), com R$ 3,9 bilhões;
- Ambev (ABEV3), com R$ 3 bilhões;
- Itaú (ITUB4), com R$ 2,9 bilhões;
- Bradesco (BBCD4), com R$ 1,3 bilhão.
*Dados de junho de 2023
Segundo o maior fundo de pensão do país, a Petros, da Petrobras (PETR3; PETR4), tem R$ 111 bilhões em patrimônio. Com posição mais conservadora, a Petros tem apenas 12,7% de seu patrimônio na renda variável, sendo 10,5% na bolsa.
Parte dos investimentos é realizada através de fundos exclusivos, geridos pela própria fundação, bem como FOFs (Fundos de Fundos). A Petros também tem participações relevantes em algumas empresas, como small caps. Eis os maiores aportes nesse segmento:
- Litel (LTEL3B), com R$ 370 milhões;
- Invepar (IVPR4B), com R$ 201 milhões;
- BRF Brasil Foods (BRFS3), com R$ 168 milhões;
- Marcopolo (POMO4), com R$ 142 milhões.
Qual o principal investimento desses fundos?
Os fundos de pensão precisam todo ano bater uma meta, conhecida como “meta atuarial”, visto que é designada através da ciência atuária, que analisa e gerencia riscos e expectativas.
Como são previdência complementar, essas entidades têm de pagar benefícios todos os meses para aposentados das empresas que mantêm esses fundos – o que torna o perfil de investimentos deles naturalmente conservadores e de longo prazo.
Mas, atualmente, o patamar está excessivamente conservador. O que explica essa situação? Um dos fatores primordiais é a taxa Selic, que, em patamar elevado, contribui para a valorização de títulos públicos.
Dessa forma, as Notas do Tesouro Nacional, com vencimento para daqui a algumas décadas, tornam-se atraentes para esses fundos, pois suprem suas metas atuárias, com baixo risco envolvido.
No caso da Petros, por exemplo, quase 60% dos investimentos são em NTN-B.