Inflação

‘Questão fiscal será crucial para a inflação em 2023’, diz economista

11 nov 2022, 7:01 - atualizado em 11 nov 2022, 7:28
inflação
Quanto à volta da inflação, o efeito do corte de impostos sobre combustíveis e energia elétrica chegou ao fim (Imagem: Towfiqu barbhuiya/Unsplash)

O desafio do novo governo de encontrar uma solução para o problema fiscal é um ponto crucial para o comportamento da inflação em 2023, diz o economista André Braz, coordenador de índices de preços da Fundação Getulio Vargas (FGV).

“A questão fiscal é um risco, porque pode mexer com as incertezas, afetar o câmbio e, por sua vez, os preços das commodities e dos combustíveis.” Quanto à volta da inflação em outubro, disse que o efeito do corte de impostos sobre combustíveis e energia elétrica chegou ao fim. A seguir, os principais trechos da entrevista:

O que essa virada de três meses de deflação para inflação em outubro indica?

A variação negativa do IPCA era muito sustentada pela renúncia fiscal do ICMS sobre gasolina, energia elétrica e serviços de telecomunicações. Se não fosse isso, o IPCA teria tido variação positiva. Ou seja, não era um efeito generalizado, mas sustentado por quedas pontuais.

Tanto é assim que o índice de difusão, que mostra o porcentual de itens com variação positiva, permaneceu acima de 60% nesse período.

O resultado do IPCA de outubro pode mudar a intenção do BC de começar a cortar juros a partir de meados de 2023?

Sim, porque o resultado veio um pouco acima das expectativas, e temos hoje pressões inflacionárias que preocupam. Alguns aumentos que sustentaram o resultado do IPCA de outubro são permanentes, como o reajuste dos planos de saúde.

Neste caso, não há revisão para baixo, e a alta deve permanecer até o próximo reajuste. Também o índice de difusão de quase 70% no mês mostra que a inflação está bem espalhada. Isso acende a luz amarela para quem monitora a inflação.

No entanto, o resultado de um mês não é suficiente para mudar o cronograma da política monetária. Acredito que a autoridade monetária vai prestar mais atenção a partir do resultado de outubro. À medida que os resultados de novembro e dezembro vierem um pouco acima do previsto, isso poderá indicar um adiamento do início do período de corte de juros.

O imbróglio fiscal que o novo governo terá de enfrentar é um risco para o aumento da inflação?

É um risco, porque mexe com as incertezas, pode afetar o câmbio e, por sua vez, os preços das commodities e dos combustíveis. Tratar bem a questão fiscal é fundamental para que o novo governo diminua essa incerteza, buscando maior estabilidade cambial.

Uma desvalorização do real é uma porta aberta para o aumento da inflação. Quanto mais informação houver sobre o futuro da política fiscal, e se ela for bem recebida pelos agentes econômicos, mais facilmente será possível controlar a inflação.

O ponto mais crucial para a inflação de 2023 é a questão fiscal?

Acho que sim. A questão fiscal preocupa porque é de onde foi tirado o fôlego para esse recuo abrupto da inflação em 2022. Se a questão não for bem equacionada, ela será um risco, que pode provocar desvalorização cambial mais forte, com desdobramento sobre a inflação.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Siga o Money Times no Instagram!

Conecte-se com o mercado e tenha acesso a conteúdos exclusivos sobre as notícias que enriquecem seu dia! Todo dia um resumo com o que foi importante no Minuto Money Times, entrevistas, lives e muito mais… Clique aqui e siga agora nosso perfil!

Saiba mais! WEG (WEGE3) – TEMPO DE RESULTADOS! VALE A PENA INVESTIR? HORA DE GANHAR DINHEIRO?

Compartilhar

TwitterWhatsAppLinkedinFacebookTelegram
Giro da Semana

Receba as principais notícias e recomendações de investimento diretamente no seu e-mail. Tudo 100% gratuito. Inscreva-se no botão abaixo:

*Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies.

Fechar