“Quero muito viver para ver uma sociedade democrática’, diz Cármen Lúcia
“As leis não bastam. Os lírios não nascem das leis”. Com os versos, de Carlos Drummond de Andrade, a ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministra Cármen Lúcia, resumiu sua avaliação dos 30 anos da Constituição Federal.
“Você não faz florescer uma democracia apenas acreditando que a feitura da lei, a promulgação da Constituição foi suficiente e exauriente. Não foi. Este é um trabalho permanente de cada um de nós. Fazer com que ela valha”, afirmou a ministra.
Durante o 16º Encontro Nacional dos Advogados do Sistema Indústria, Cármen Lúcia ressaltou que o país vive tempos difíceis e de muita intolerância, sobretudo no que diz respeito à liberdade de expressão e à liberdade de pensar diferente. “Quero muito viver para ver uma sociedade democrática. Uma sociedade na qual o respeito ao outro seja integral, não precise ser imposto e decorra da circunstância de que não é possível conviver com o outro sem ética e sem respeito.”
“Não se tem uma sociedade ou um Estado no qual os vícios não são espanados se cada um de nós não se responsabilizar por isso. Esta Constituição ofereceu ao Brasil, nesses 30 anos, a possibilidade de um amadurecimento democrático que eu, verdadeiramente, vislumbro e acho que está acontecendo. Os desafios são muitos. Vivemos tempos difíceis. Vivemos momentos de dificuldades que são inéditas.”
Em seu discurso, Cármen Lúcia afirmou que o comprometimento com a Constituição Federal deve ser de todos os brasileiros e que a legislação fornece os instrumentos necessários para tanto. “Não adianta esperar o Estado fazer isso. Um Estado que tem os problemas que nós temos. É preciso que todos nós, da sociedade, venhamos a comparecer. Porque, no final, ganhamos todos. Não há perda nisso.”
“Ninguém vai achar que estamos no mesmo barco, mas, se afundar, vou ficar num lugar que não vai vir água para cima de mim. Estamos juntos. Portanto, é nosso compromisso fazer com que o Brasil dê certo também juntos. Isso vale para o Estado. Não estou me afastando das minhas responsabilidades como servidora pública. Mas estou convencida, hoje, de que nós dependemos cada vez mais de uma categoria econômica voltada para fins sociais. Porque, se der certo, dará certo para todo mundo.”