BusinessTimes

“Queremos ajudar assets a investir em crédito com segurança”, diz CEO da Captalys

18 maio 2022, 11:58 - atualizado em 18 maio 2022, 11:58
Margot Greenman CEO Captalys
“Assets já acordaram para as oportunidades do mercado de crédito”, afirma Margot Greenman, CEO da Captalys (Imagem: Divulgação/ Captalys)

Em meio aos fortes solavancos das bolsas de valores de todo o mundo, causados pelo temor de que uma inflação mais persistente nos EUA empurre o Federal Reserve para uma política monetária mais rígida que a prevista, o mercado de crédito surge como alternativa para os investidores – e a Captalys já sente esse interesse crescer.

“O setor das assets já acordou para essa oportunidade”, afirma Margot Greenman, fundadora e CEO da Captalys, gestora pioneira em originar e transformar carteiras de crédito em investimentos no Brasil. Nos EUA, esse modelo de negócios é conhecido como “embedded finance”, que visa oferecer o crédito no momento em que ele é necessário, como na compra de um carro ou de um imóvel.

Nos últimos tempos, a Captalys vem ocupando nichos em que as “finanças embutidas” fazem sentido, como os ecossistemas formados por grandes empresas e seus parceiros. Neste ano, por exemplo, a gestora fechou parcerias com a Rappi e a Alelo. Outra grande tacada foi a parceria estabelecida com o BTG Pactual no ano passado.

“O BTG está procurando alternativas com uma relação interessante de risco-retorno para seus clientes de asset”, explica Greenman. O próximo passo é atrair outras assets para promover o que a fundadora da Captalys chama de “encontro do mercado de crédito com o mercado de capitais”.

Veja, a seguir, os principais trechos da conversa com o Money Times.

Money Times – A Captalys é conhecida por oferecer fundos de investimento lastreados em crédito. O retorno da Selic para um patamar de dois dígitos atrapalha?
Margot Greenman – Estamos no mercado de crédito brasileiro há muitos anos, por isso, já nos acostumamos às oscilações da economia. Passamos por três ciclos de alta da Selic. Não é nossa maior preocupação. Como casa de crédito, é claro que estamos preocupados com a situação, porque os juros altos freiam o crescimento do país, mas, para o mercado de crédito, não é um cenário necessariamente mais desafiador.

O que vimos foi muita gente querendo aproveitar o momento para oferecer crédito. Mas eles não têm a experiência necessária e geram créditos ruins. Agora, isso está recuando um pouco. Papai Noel não existe. É preciso experiência para emprestar dinheiro com boa gestão de risco e formar uma boa carteira.

MT – Por outro lado, ter uma Selic tão alta favorece as empresas de crédito?
Greenman – De certa forma, somos agnósticos sobre o DI, quando pensamos na relação risco-retorno. No mercado de crédito, trabalhamos sempre com DI+Xis [DI+margem], e nosso foco está no “Xis”, isto é, na margem. Quando os juros básicos passaram de 2% para 12% ao ano, o preço do crédito para o tomador aumentou, mas isso não representa nenhuma vantagem para a gente, porque o “Xis” continua o mesmo.

Isso faz parte da vida de quem atua no mercado de crédito. Além disso, o crédito caro começa a permear toda a economia. Então, quem não precisa tomar crédito sai do mercado. Só quem precisa toma crédito nesse momento.

MT – Como a Captalys lida com a queda da demanda por crédito?
Greenman – Buscamos ocupar espaços em novos ecossistemas. Cada ecossistema é centrado numa empresa que precisa oferecer crédito a clientes. Neste ano, por exemplo, firmamos parcerias com a Rappi e a Alelo. Entre as empresas com quem trabalhamos, estão também o Mercado Livre, B2W, iFood e Vivo. Então, o crescimento da demanda de crédito desacelerou nos ecossistemas em que já estamos, mas, como captamos mais parceiros, um movimento compensa o outro.

MT – E, assim, a esteira de geração de crédito não para.
Greenman – Sim, mas essa é apenas uma visão parcial do que fazemos, como se olhássemos a rua a partir de uma das calçadas. Olhando a rua de cima, a Captalys atua no novo mercado de crédito, marcado pelo encontro com o mercado de capitais. Oferecemos a originação dos ativos, a capacidade analítica para gerir o risco e a disponibilidade de dinheiro para os tomadores, por meio do mercado de capitais, e não dos bancos.

MT – Quais são os principais planos da Captalys para o resto do ano?
Greenman – No ano passado, montamos uma operação com o BTG, que está na nossa estrutura de capital. Estamos bastante animados com as oportunidades abertas. O BTG está procurando alternativas com uma relação interessante de risco-retorno para seus clientes de asset. Um caminho é explorar o crédito, por meio de estruturas inovadoras, apoiando e empoderando produtos de cartões private label e imobiliárias, por exemplo.

MT – Quais setores vocês estão olhando hoje?
Greenman – O setor que a gente mais olha é o de assets. Entendemos que o modelo criado pela Captalys é pioneiro no Brasil, e o setor das assets já acordou para essa oportunidade. Queremos ajudar as assets a investir em crédito com segurança, transparência e controle. Vemos as assets como um vetor de crescimento fundamental para nossos planos. A operação com o BTG é um exemplo.

MT – Qual é o papel da Finanfor nessa estratégia?
Greenman – Vemos a Finanfor como um viabilizador de crédito. O marketplace é onde os investidores se iniciam no mercado de crédito, negociando com o produto mais básico: as duplicatas. O marketplace está em sua versão 1.0, oferecendo produtos bem commoditizados. Olhando para a frente, queremos trazer mais sofisticação. Somos o terceiro maior marketplace de crédito do país. Temos uma operação relevante, com R$ 6 bilhões de originação.

MT – Como está a parceria com o BNDES para oferecer crédito para PMEs?
Greenman – Já estamos ofertando os produtos, mas, como esta é a primeira experiência do BNDES neste mercado de originação de crédito, o banco colocou uma série de exigências para as pequenas e médias empresas. Nem sempre, as PMEs conseguem cumpri-las prontamente. Por isso, a concessão do crédito está devagar. Dos R$ 400 milhões aprovados, R$ 50 milhões já foram liberados.

MT – A Captalys estava se preparando para o IPO, quando eclodiu a pandemia de coronavírus, e o plano foi suspenso. Quando ele será retomado?
Greenman – O IPO não está nas minhas preocupações imediatas. A gente cumpriu o protocolo, e o mercado tem muito interesse no modelo de negócios que criamos. Mas o mercado virou, e o momento é pouco propício. O que fazemos agora é conservar toda a estrutura e mudanças que implantamos para o IPO. Estamos implantando um board com dois membros independentes, por exemplo. A preparação para o IPO foi um verdadeiro personal trainer para melhorar nossos processos e governança. Se o mercado mudar, vamos avaliar, mas, o que posso dizer, é que não está na minha cabeça hoje.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Receba as newsletters do Money Times!

Cadastre-se nas nossas newsletters e esteja sempre bem informado com as notícias que enriquecem seu dia! O Money Times traz 8 curadorias que abrangem os principais temas do mercado. Faça agora seu cadastro e receba as informações diretamente no seu e-mail. É de graça!

Disclaimer

O Money Times publica matérias informativas, de caráter jornalístico. Essa publicação não constitui uma recomendação de investimento.