Quer uma forma simples para saber quando o investimento vai dobrar de valor? Conheça a Regra dos 72
Por Vicente Guimarães*
Boa parte das pessoas quando inicia um determinado investimento não faz ideia de quanto tempo precisarão para atingir o valor desejado. Isso vale tanto na hora de comprar um bem móvel ou imóvel, viajar, se aposentar ou apenas ter uma reserva para trazer segurança financeira. Com isso, acabam investindo e, mês a mês, vão fazendo os aportes.
Nada disso está errado. Porém, esse desconhecimento dificulta qualquer decisão mais estratégica com relação aos recursos acumulados.
A maioria não conhece, mas existe um cálculo simples que permite ao investidor saber quanto tempo levará para o investimento dobrar de tamanho. Conhecido pelo nome de Regra dos 72, esse cálculo não exige grandes conhecimentos de Matemática ou Finanças. Ao contrário, a regra consiste em dividir o número 72 pela taxa de retorno anual do produto financeiro escolhido.
Por exemplo, imagine um CDB pré-fixado que pague 6% de juros ao ano. Ao plicar a fórmula da regra dos 72 (72 dividido por 6), o resultado obtido será o número 12. Ou seja, se em uma aplicação de R$ 100 mil, levará 12 anos para alcançar o dobro do valor, de R$ 200 mil.
Regra antiga
Não se sabe ao certo quem criou essa fórmula nem onde ela surgiu. Mas é bastante antiga.
Era conhecida na Idade Média e, provavelmente, sua origem está na Antiguidade, usada por comerciantes e negociadores de cidades maiores, onde a troca de produtos era centralizada. Por ser de uso comum, foi documentada em 1494 na Summa de Arithmetica, Geometria, Proportioni et proportionalita, de Luca Paciolli.
É óbvio que os tempos eram outros e não existiam tantos índices de medição do desempenho da economia como atualmente. Além disso, as mudanças no sistema financeiro certamente aconteciam de forma mais lenta do que hoje.
Por tudo isso, a Regra dos 72 não é bem-vista por alguns especialistas. Eles criticam o fato de não considerar, por exemplo, o efeito da inflação e dos impostos sobre a rentabilidade real de um investimento. Eles não estão errados, mas isso não tira a utilidade do método.
Para que serve a regra dos 72?
Nos dias atuais, a Regra dos 72 é um cálculo aproximado, que dá uma ideia de valor nominal que o investidor terá ao longo do tempo. Ela também só tem utilidade em investimentos de renda fixa. Afinal, na renda variável não é possível saber como o valor do ativo se comportará ao longo do tempo.
Mas se o investidor escolheu, como já exemplificado, colocar o dinheiro em um CDB que rende 6% ao ano, o resultado do cálculo não falha, considerando juros compostos constantes, como é comum em renda fixa. Sendo assim, quanto maior a taxa de retorno, menor o tempo para que este investimento dobre.
Então, se sua meta é dobrar o valor em um período de tempo menor, ter essa informação pode estimulá-lo a procurar outro título de renda fixa mais rentável. E tem mais: além de fornecer, de forma simplificada, um cálculo para o tempo que um determinado capital levaria para dobrar dada uma taxa de retorno, a Regra dos 72 pode ser usada para outros objetivos.
Se ao invés de investir, a opção foi por um empréstimo com uma taxa de juros de 18% ao ano, é possível saber em quanto tempo a dívida dobrará de tamanho caso os pagamentos sejam interrompidos. Basta dividir 72 por 18. Como resultado, tem mais quatro anos.
A regra também permite às pessoas saberem em quanto tempo o poder de compra cairá pela metade, caso a inflação siga um determinado patamar. Imaginemos que seja de 5% ao ano. Nesse caso, 72 dividido por 5 é igual a 15. Isso quer dizer que, permanecendo a inflação em um patamar de 5% aa, em 15 anos R$ 100 terá o mesmo poder de compra que R$ 50 tem hoje.
Como se vê, os juros compostos podem trabalhar a seu favor, em caso de investimentos, ou contra você, em caso de endividamento. E ter conhecimento do impacto disso na vida financeira é de extrema importância.
Caso a ideia seja um resultado mais aproximado, o cálculo é outro. Mesmo assim, a diferença não costuma ser grande. Além do que, o cálculo exato tem uma fórmula bem mais complexa. Por isso, é melhor tratar disso na próxima.
*Vicente Guimarães é CEO da VG Research