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Quer lucrar com ações? Então, pense DENTRO da caixa (destas caixas…)

09 mar 2023, 12:25 - atualizado em 09 mar 2023, 12:25
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Lição do mestre: Fernando Ferrer destaca a importância de diversificar os investimentos, como ensina Ray Dalio (Imagem: Reuters/Brendan McDermid)

“A diversificação é o Santo Graal dos investimentos.” Se você me acompanha por aqui há algum tempo, já deve ter lido essa frase em um dos meus textos. Ray Dalio, fundador da Bridgewater, foi quem a cunhou. Embora o entendimento dos benefícios da diversificação seja claro, percebo muitos clientes com dificuldades de executar tal estratégia na prática.

No meu entendimento, uma diversificação completa vai além da pulverização entre classes de ativos, pois ela deve ser geográfica e setorial também. Ou seja, além de investir no Brasil, alocar recursos em outras partes do mundo, como por exemplo, nos Estados Unidos.

Com isso, é possível expor o portfólio a diferentes prêmios de risco e aumentar o seu retorno potencial para um mesmo nível de risco.

Nesse sentido, oriento meus clientes a organizar suas finanças e investimentos em caixas, cada uma com um tema, de modo a facilitar a compreensão dos riscos e prêmios a serem capturados. São elas: renda fixa, previdência, renda variável, fundos multimercados, proteções e alternativos.

De tempos em tempos (você define a periodicidade), é importante analisar cada caixa para ver se alguma delas está com um peso maior ou menor do que deveria e se há a necessidade de rebalanceamento do seu portfólio.

Na caixa de ações, defino parâmetros que guiarão as minhas sugestões de investimento. Não necessariamente todas as empresas cumprirão todos os requisitos com louvor, mas vale a pena seguir o checklist para tentarmos monitorar os riscos que estamos dispostos a correr em cada tese.

Nesse caso, gosto de avaliar principalmente quatro pilares qualitativos que fundamentarão o valor intrínseco (justo) das empresas, são eles:

1.Liderança de mercado: são aquelas empresas que têm uma posição de destaque em seu setor e são reconhecidas como referência em termos de qualidade, inovação e desempenho financeiro. São empresas com marcas renomadas, produtos ou serviços conhecidos, alto poder de barganha com clientes e fornecedores. Normalmente, possuem uma forte visão estratégica, excelência operacional, habilidade para atrair e reter talentos, bem como capacidade de adaptação;

2.Foco na rentabilidade: são aquelas companhias que buscam maximizar seus lucros e retornos sobre o investimento. Algumas características comuns dessas empresas são: foco em eficiência operacional, controle rigoroso de despesas, estratégia de precificação adequada, gestão financeira prudente e seletividade quanto a alocação de capital;

3.Baixa alavancagem financeira: prezamos por companhias sólidas financeiramente e com geração de caixa confortável para cobrir suas obrigações. Gestão financeira prudente, foco em geração de caixa e seletividade nos investimentos costumam ser características de companhias que possuem baixa alavancagem financeira;

4.Boa governança corporativa: boa governança corporativa é um conjunto de práticas e políticas que visam garantir uma gestão transparente, ética e responsável de uma empresa.

Ações: As caixas que realmente importam

Voltando ao tema das caixas e tendo essa filosofia de investimentos como pano de fundo, gosto de dividir uma carteira de ações em três caixas para organização dos investimentos.

A primeira delas é a caixa “estrutural”. As ações das companhias inseridas neste segmento possuem características diferenciadas em seus negócios, que as transformam necessariamente em investimentos de longo prazo. A forte geração de caixa, domínio do mercado e forte distribuição de dividendos são pontos-chave a serem observados nas companhias que compõem o segmento.

A segunda caixa é “Quality”. As companhias que fazem parte desse segmento possuem como principais características a liderança de mercado e o reconhecimento dos participantes do mercado sobre a qualidade dos produtos e/ou serviços prestados, além da excelência operacional. Normalmente, são aquelas que apresentaram as melhores margens e rentabilidade sobre o capital investido.

Essas boas características, no entanto, não as ratificam necessariamente como os melhores investimentos. Isso porque, normalmente, suas ações são muito bem precificadas pelo mercado. Mas, quando os mercados se estressam, as oportunidades nesse segmento podem se tornar evidentes. Boas empresas não são negociadas fora do seu valor intrínseco por muito tempo. Isso significa que devemos aproveitar as oportunidades quando elas aparecem.

Carregá-las em momentos mais nervosos pode ser interessante tanto pela ótica do risco — a qualidade dos seus projetos mitiga os riscos de perda do capital — quanto pela ótica da oportunidade.

Já na terceira caixa temos o segmento “Valor”, que é um conceito de “value investing” bastante difundido entre os gestores de ações brasileiros. O que buscamos com esse segmento é encontrar discrepâncias entre valor de tela e valor justo daquele ativo. Elas surgem de momentos de extrema irracionalidade do mercado financeiro e em ativos que, por vezes, são muito questionados e que acabam sendo largados pela maioria dos investidores.

A lei de oferta e demanda aqui impera: quando a ação é deixada de lado, seus preços caem e são necessários acionamentos de gatilhos para que as ações recuperem o seu valor. As ações presentes nesse segmento apresentam volatilidade, mas também podem ser aquelas com maior potencial para destravar valor.

E aí, já pensou em dividir os seus investimentos em “caixas”? Será que eles estão bem equilibrados para o momento?

Graduado em Engenharia Mecânica pela UFRJ e com MBA de Finanças pela mesma instituição, Fernando Ferrer atua na Empiricus como analista de investimentos há 5 anos. Atualmente, é responsável pela série best-seller As Melhores Ações da Bolsa e faz parte da equipe que comanda o Carteira Empiricus, o portfólio multimercado que é o carro-chefe da casa. Colunista da newsletter Day One, Fernando passou a integrar o time de colunistas do Money Times com sua série semanal Entre Altas e Baixas.

 

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