Quer lucrar com a venda da Oi para as rivais? Então, compre ações das rivais
O Credit Suisse continua cético em relação aos potenciais ganhos que a Oi (OIBR3) obteria com a venda de sua operação de telefonia móvel para as operadoras rivais.
Em relatório assinado por Daniel Federle, Felipe Cheng e Juan Pablo Alba, o banco enfatiza que o negócio não melhora o cenário para a Oi, mas seria ótimo para a TIM (TIMP3) e a Vivo (VIVT4).
O primeiro motivo para apostar nas rivais, em vez da própria Oi, é que o cenário contribui para evitar uma guerra de preços pela operadora. O BTG Pactual lembra que a Vivo e a TIM decidiram trabalhar em conjunto para conduzir o negócio e dividir a área de telefonia celular da Oi entre si.
Além disso, o principal ativo da Oi Móvel é seu espectro de frequências, mas um fator limita o seu peso numa eventual aquisição.
Alternativa
Trata-se do leilão de frequências que a Anatel planeja promover nos próximos meses. Os analistas explicam que o leilão oferecerá tanto faixas de bandas “baixas” (700 MHz), quanto de banda “alta” (2,3 GHz).
“Essa possibilidade [de adquirir faixas no leilão] deve reduzir o apetite de adquirir os ativos da Oi a qualquer custo”, afirma o trio. Assim, a Oi pode não receber todo o dinheiro que espera para fechar o negócio.
O Credit Suisse calcula que o acordo fique entre R$ 12 bilhões e R$ 19 bilhões, com o cenário-base de R$ 16 bilhões.
Pode parecer uma montanha de dinheiro, mas mesmo isso não deveria animar os investidores a apostarem nos papéis da Oi. Segundo o banco suíço, se o acordo render, de fato, R$ 16 bilhões para a empresa, o preço-alvo de suas ações seria de apenas 70 centavos de real (R$ 0,70).
“Estamos positivos sobre o crescimento da fibra óptica, mas as dificuldades para reduzir as perdas nas operações de fibras de cobre e o aumento da taxa de câmbio são ventos contrários”, afirma o relatório.
Vencedora
Feitas as contas, o Credit Suisse reforçou sua tese de que a TIM seria a maior beneficiada pelo acordo. “A TIM é a nossa top pick [destaque], devido à sua grande exposição ao mercado de telefonia móvel”.
Já a Vivo, que pode ficar com uma fatia da Oi Móvel, também é elogiada pelos analistas, que a consideram “uma boa ação defensiva”.
A Oi, que embolsaria uma bolada pela venda, é a que menos empolga o Credit Suisse, sobretudo, porque o dinheiro já estaria comprometido pelos investimentos e pela queima de caixa previstos para os próximos anos.
“Vemos a Oi com uma dívida líquida de R$ 23 bilhões, e uma substancial queima de caixa nos próximos anos”, diz o banco. Resumindo, este seria a última grande tacada da operadora. A partir daí, teria que ganhar dinheiro sozinha – algo que, para o Credit Suisse, não está nem um pouco garantido.