Quer investir em derivativos agro nos EUA? Comece a pensar nos polpudos depósitos de garantia
Na rota dos investimentos de riscos no exterior, os mercados futuros de commodities agrícolas ainda são para poucos, se nem no balcão da B3 (B3SA3) esses derivativos contam com muita liquidez.
Mas as opções estão aí e a Agrinvest, que ainda opera apenas para “investidores robustos”, credita o distanciamento dos brasileiros de investir em soja, milho, café, açúcar, e mesmo em outros ativos, à burocracia e ao maior conhecimento das operações. Entre elas, a oportunidade de arbitragens.
No primeiro caso, não há muito o que fazer. Como diz Marcos Araújo, sócio da consultoria e broker, o controle da Central de Custódia e Liquidação Financeira de Títulos (Cetip) inibe a abertura de contas diretas no exterior. “Excesso de rigidez”, diz.
Lembra, a ele, a tributação de IOF de investidores estrangeiros na bolsa brasileira, que esvaziou a entrada de recursos nos futuros daqui, por exemplo.
Quanto às características dos negócios na Chicago Board of Trade (CBOT), que opera soja, milho e trigo, e da ICE Futures (Nova York), com as softs commodities café, açúcar, algodão, suco de laranja e cacau – para ficarmos nas de interesses diretos do Brasil -, o primeiro passo é se acostumar com a volatilidade expressiva.
Não apenas por se tratarem de ativos mais sensíveis ao risco, mas pela “alavancagem” maior das operações.
Araújo explica que os contratos exigem depósitos de margens de garantia de 10%. E envolvem valores volumosos de entrada.
Para entrar na soja, o contrato é de 5 mil bushels (2.268 sacas). Se estabelecermos a cotação de US$ 12,40/bu, demanda US$ 62 mil.
No milho, segue exemplificando o analista da Agrinvest, também são 5 mil bushels (2.117 sacas). Pelo preço do vencimento de dezembro, a US$ 5,70, são US$ 28,5 mil.
Em relação às arbitragens, para se aproveitar as discrepâncias de preços e faturar com a compra e venda dos ativos em mercados diferentes, Marcos Araújo relaciona o caso do café entre Nova York e São Paulo.
Na ICE, o contrato é de 283,50 sacas (17 toneladas), correspondente a 37.500 libras-peso, enquanto na B3 é de 100 sacas (6/t). Relação de 1 contrato futuro na bolsa brasileira para 2,83 contratos na americana.
Apesar dos riscos inerentes às operações, sem que haja garantia de resultados financeiros, Marcos Araújo lembra o caso recente da commodity, que explodiu muito na ICE por conta da expressiva quebra no Brasil, oportunizando a compra na B3 e vendendo em Nova York.