Quer fugir da crise hídrica? Compre Omega e deixe de lado AES Brasil
A crise hídrica se desenha como um cenário inevitável para o Brasil. O próprio Governo Federal se pronunciou, em rede nacional, sobre o cenário preocupante dos reservatórios.
Até o momento, o volume de chuvas foi de 68% da média histórica, deixando os reservatórios da região Sudeste com apenas 29% da capacidade total.
Com isso, as geradoras de energia devem ser duramente impactadas: sem racionamento oficial, as hidrelétricas continuarão enfrentando graves perdas de fluxo de caixa com compras caras de capacidade para cobrir déficits de produção.
Pensando nessa piora do cenário, o Bradesco BBI derrubou as estimativas para o Ebitda, que mede o resultado operacional, da AES Brasil e da CESP: a queda do indicador deverá ser de 19% e 13%, respectivamente, em 2021 ante 2020.
“Dentro da nossa cobertura, CESP (CESP6) (com recomendação de Compra) e AES Brasil (AESB3) (Neutro) são os mais expostos à hidrologia deficiente. No entanto, negociando com TIR (Taxa Interna de Retorno) reais de 9,2% e 8,3%, respectivamente, não sentimos necessidade de alterar a recomendação”, apontam os analistas Francisco Navarrete e Ricardo França.
Por outro lado, a Omega (OMGE3), focada em energia eólica, parece ter uma cenário mais tranquilo, argumentam.
“As movimentações de fusões e aquisições de ativos brownfield devem permanecer gerando valor no médio prazo”, dizem.
Além disso, a empresa negocia a um TIR de 6,3% e possui baixo custo de capital e uma gestão eficiente para transformar ativos.
“Observamos também que o Omega pode eventualmente realizar novas oferta de ações para financiar movimentos de fusões e aquisições (também melhorando a liquidez)”, completa.
A Ágora tem recomendação de compra para as ações da companhia, com preço-alvo de R$ 51.
A CESP, apesar de estar 100% exposta à energia elétrica, ainda tem alguns gatilhos, como visibilidade sobre os planos de crescimento potencial, e talvez reduções relevantes de contingências.
E agora, José? Torça para chover
De acordo com a Ágora, em outro relatório enviado a clientes, para evitar uma piora do cenário, o governo poderia implementar uma campanha voluntária de economia no consumo de eletricidade.
“Em casos anteriores, as indústrias foram solicitadas a cooperar, reduzindo o consumo de eletricidade tanto quanto possível, ou concentrando as operações e demanda durante os períodos noturnos nos quais, por exemplo, a geração de energia eólica é maior”, afirma.
E claro, torcer para chover. Até agora, o patinho feio tem sido a região Sul, com chuvas a 23% da média em maio, mas que historicamente é conhecida por sua alta volatilidade de precipitação.
“Assumindo que as chuvas no Sudeste e no Sul cheguem a 70% da média histórica até novembro, os reservatórios do Sudeste cairiam para níveis ainda aceitáveis de 10% / 14%”, observam Navarrete e França.