Economia

Quem será o próximo Paulo Guedes?

01 ago 2022, 18:01 - atualizado em 01 ago 2022, 14:54
Paulo Guedes
(Imagem: Washington Costa/ME)

Daqui dois meses, os brasileiros vão às urnas para decidir quem será o próximo presidente do país. Entre os preferidos nas pesquisas, estão o ex-presidente Lula (PT) e o atual, Jair Bolsonaro (PL).

Independentemente de quem vença a corrida eleitoral, a verdade é que a equipe econômica e o futuro Paulo Guedes terão muito trabalho para fazer.

O Congresso liberou a PEC das Bondades, que instaura Estado de emergência para que o governo possa oferecer novos benefícios sociais em ano de eleição – algo proibido pela legislação. Com isso, foi possível ampliar o Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600, dobra o valor do vale-gás e ainda criar um voucher de R$ 1.000 para caminhoneiros e taxistas. Ao todo, a União vai desembolsar R$ 41,2 bilhões.

O futuro presidente também pode optar por transformar o Auxílio Brasil mais robusto em um benefício permanente. Tanto Lula quando Bolsonaro já sinalizaram que querem manter os R$ 600 para o ano que vem. Isso causaria um impacto adicional estimado entre R$ 50 bilhões e R$ 60 bilhões no orçamento de 2013, reduzindo o espaço para outras despesas.

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Planos de governo

Os nomes que concorrem ao cargo de presidente da república, ou tentam se manter nele, sabem ou tem noção do que esperar em 2023. Mas como eles esperam enfrentar os obstáculos que os esperam e, principalmente, quem estará ao lado deles caso sejam eleitos.

Casamento Bolsonaro e Guedes 

Assim como o atual presidente gosta de comparar sua gestão com casamento, é possível dizer apesar de ter se estremecido ao longo dos últimos quatros anos, a relação entre Jair Bolsonaro e Paulo Guedes deve continuar. O presidente, apesar de discordar publicamente de alguns atos de seu ministro, defende a permanência do “posto Ipiranga” no cargo.

“Muita gente já pediu a cabeça dele para mim no momento de crise. É acreditar na capacidade dele. Nenhum motivo tinha que ele estaria trabalhando de outra maneira, a não ser nos atender. Nos atendeu durante a pandemia. Gastamos R$ 700 bilhões em 2020. Não houve nenhum colapso, nenhum tremor na economia brasileira”, disse Bolsonaro.

“Quantas vezes eu fui lá conversar com ele sozinho. ‘E aí, PG. Meu Posto Ipiranga. Que porra é essa? Como é que a gente vai resolver esse assunto? Porque está no meu lombo, pô’. E ele tinha a solução. É duro você ouvir: ‘Paciência’. É duro. Mas eu sabia com quem estava falando.”, completou.

O atual ministro da economia pretende continuar como quadro técnico dentro do governo, por isso não se envolve na campanha. Aliás, o economista afirmou que, se dependesse dele, não haveria reeleição.

“Eu sempre fui a favor de acabar com a reeleição, mas com dois FHCs, dois Lulas, e duas Dilmas, talvez precise de dois Bolsonaros. Tomara que o presidente faça a reforma política com mandato sincronizado de 5 anos”, defendeu Guedes ao afirmar que pretende continuar no governo.

“Se essa coalização, que é o caminho da prosperidade, ganhar é natural que eu ajude, que eu apoie, ajude e esteja lá”, disse, ao avaliar que esse grupo político vem se fortalecendo e ampliando viés reformista.

Lula e o ministro político

O ex-presidente Lula, que lidera as pesquisas de intenção de voto, aposta na experiência de quem teve dois mandatos para conduzir a economia do país. Com uma ideia mais clara do que pretende fazer baseado nos 8 anos que esteve no Palácio do Planalto, Lula afirma que pretende manter ministros mais políticos do que técnicos no comando das pastas.

Nomes como os dos ex-governadores Rui Costa, da Bahia, Wellington Dias, do Piauí, Paulo Câmara, de Pernambuco, e Camilo Santana, do Ceará, estão na pauta para assumir a pasta em caso de vitória do petista, que defende esse modelo.

“O que eu quero é que ele tenha cabeça política. Se ele pensar politicamente correto, se ele tiver bastante versatilidade política, esse cara pode ser o ministro da Economia. Ele pode ser um economista. O que eu não quero é fazer um governo burocrata, fazer um governo só de técnico”, disse Lula em entrevista ao UOL.

Economistas como Persio Arida, André Lara Resende e até Armínio Fraga vêm sendo ouvidos na construção do programa de governo mas não devem ter protagonismo em um futuro governo.

Ciro ministro de Ciro

Ministro da Fazenda durante a gestão de Itamar Franco, Ciro Gomes tem muito claro na sua cabeça o que deve fazer o seu ministro. Por isso, em caso de eleição do paulista de Pindamonhangaba radicado no Ceará não espere um ministro protagonista, tomando as rédeas. O ministro de Ciro será o próprio Ciro.

“Os presidentes, apesar de diferentes em muitas coisas, foram iguaizinhos em economia, e o modelo econômico que copiaram uns dos outros nos trouxe a esse beco sem saída”, declarou no lançamento de sua candidatura.

Ciro gomes tem Nelson Marconi como seu principal conselheiro. O economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e filiado a escola do Novo Desenvolvimentismo divide a função com Mauro Benevides, que foi secretário de Ciro no governo do Ceará.

Simone Tebet na origem no Plano Real

Para olhar para o futuro Simone Tebet tem se apoiado nas experiências do passado. A senadora pelo estado do Mato Grosso do Sul tem procurado conversar com muitas pessoas na tentativa de elaborar o programa de governo mais abrangente de todos.

O responsável pela coordenação da campanha e da elaboração do plano de governo da emedebista é o ex-governador do Rio Grande do Sul Germano Rigotto, que trouxe para o lado da senadora a experiente economista Elena Landau como coordenadora do plano econômico.

Landau participou da equipe econômica durante a gestão de Fernando Henrique Cardoso, teve importante destaque nas privatizações e desestatizações feitas nos anos 90 e trouxe, recentemente, para a equipe de Tebet o economista Edmar Racha, também um dos idealizadores do Plano Real e da política econômica adotada no Brasil na redemocratização.

O que esperar de 2023

Com o risco fiscal elevado, o ano que vem já começa com um impacto na atração de investimentos, afetando o câmbio e o Ibovespa. “Para o câmbio, o cenário é mais complicado, por que a gente tem um cenário externo muito abalado pela guerra na Ucrânia e juros altos nos Estados Unidos”, aponta Jhonatan Hoff, coordenador de cursos na Faculdade da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (FIPECAFI).

Em um cenário de crise, onde os Estados Unidos mantêm a taxa de juros elevada, é natural que haja uma fuga de capital de economias emergentes e fragilizadas para os investimentos em países mais seguros.

A mudança cambial afeta as dívidas do governo. Os últimos dados divulgados pelo Tesouro Nacional apontam que a Dívida Pública Federal subiu 2,51% em junho, para R$ 5,846 trilhões, e a disparada do dólar foi um dos fatores que contribuiu para aumentar o endividamento do governo.

Isso também afeta o Ibovespa (IBOV), que acaba perdendo investidores. E o mercado financeiro já vem acompanhando esse movimento: só no primeiro trimestre, a bolsa brasileira desvalorizou 5% e perdeu a marca dos 100 mil pontos. “Mesmo os cenários mais positivos apontam para um crescimento reduzido, com o Ibovespa chegando até 105 mil ou 110 mil pontos”, afirma Jhonatan.

Outro problema que o próximo presidente não vai conseguir escapar é a inflação. Por mais que ela esteja começando a apresentar sinais de baixa, a taxa continua alta – e bem acima da meta de 3,5% para 2022, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual. E, enquanto a inflação se mantiver alta, o Banco Central deve segurar a Selic acima dos 13% ao ano. Isso encarece o crédito e interfere no crescimento econômico.

Se tem um ponto positivo é a taxa de desemprego, que atingiu o seu menor patamar para o segundo trimestre desde 2015.

Para Gabriel Komatu, especialista em investimentos e sócio-diretor da Komatu, o que mais atrapalha no momento é a falta de previsibilidade – enquanto não sair os resultados de quem será o próximo presidente, fica difícil para o mercado prever os próximos passos. “O principal ponto que a próxima equipe econômica precisa trabalhar é a confiança. É preciso passar segurança econômica e jurídica para investidores estrangeiros e nacionais”, afirma.

*Colaboração Juliana Américo e Matheus Caselato

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