Quem são os candidatos à Presidência do Uruguai: um socialista e outro liberal
Daniel Martínez, candidato da coalizão de esquerda Frente Ampla, e Luis Lacalle Pou, do Partido Nacional, de direita, disputam, hoje (24), a eleição presidencial no Uruguai.
No primeiro turno, nenhum dos dois obteve maioria absoluta – 50% mais 1 -, requisito para vencer a disputa. Em segundo turno, ganha quem tiver maioria simples, ou seja, quem obter mais votos. A posse do novo presidente será no dia 1º de março de 2020.
Os últimos três mandatos, que duram 5 anos no Uruguai, foram exercidos por frenteamplistas. Tabaré Vázquez, atual presidente, governou o país entre 2005 e 2010 no primeiro mandato; foi sucedido por José Pepe Mujica, entre 2010 e 2015; e regressou à Presidência em 2015.
Perfil dos candidatos
Daniel Martínez, 62 anos, é formado em Engenharia Industrial Mecânica. Se envolveu na política ainda na década de 70, estudante. É filiado ao partido Frente Ampla dese 1973, durante a ditadura militar e foi um dos fundadores do sindicato da empresa estatal de energia Ancap, onde trabalhou por 14 anos.
Em 2005, retomou às atividades políticas, das quais tinha ficado alguns anos afastado, para assumir, no primeiro mandato de Tabaré Vázquez, o cargo de presidente da Ancap. Em 2008, foi nomeado ministro da Indústria, Energia e Mineração. Foi senador durante nove anos. Seu último cargo foi de prefeito de Montevidéu, de 2015 a 2019, quando renunciou para se candidatar à Presidência.
Martínez afirma que, se eleito, dará continuidade a 15 anos de crescimento econômico e redução da pobreza. Ele tem forte apoio de setores de médicos, enfermeiros, nutricionistas, acadêmicos, cientistas, arquitetos, professores, atletas e artistas.
Martínez obteve mais votos do que Luis Lacalle Pou no primeiro turno, conquistando 39% dos votos, contra 29% do opositor. No entanto, as pesquisas apontam para uma virada de Lacalle agora, em segundo turno.
Nestas eleições, a Frente Ampla perdeu votos em setores mais humildes da população, na classe média, no interior do país e em faixas etárias que anteriormente votavam em peso no partido, como entre os jovens.
Lacalle Pou
Luis Lacalle Pou, do Partido Nacional, tem 46 anos, é formado em Direito, mas nunca advogou. Desde os 24 anos se dedica à vida política e já exerceu os cargos de deputado e senador.
Opositor ferrenho do socialismo, Lacalle Pou vem de uma família de políticos. É filho do ex-presidente do Uruguai Luis Alberto Lacalle, que governou de 1990 a 1995 e da ex-senadora Julia Pou. É bisneto de Luis Alberto de Herrera, um dos políticos mais influentes da história do Partido Nacional.
Lacalleu Pou concorreu à Presidência nas últimas eleições, em 2014, quando perdeu, em segundo turno, para Tabaré Vázquez, da Frente Ampla. É criticado pelos opositores por ter sido educado sempre em colégios privados, razão pela qual o consideram distante da realidade social das classes mais baixas.
O político defende que o Estado atualmente é caro e ineficiente. Ele propõe um maior controle sobre os gastos públicos, redução da dívida pública e, a médio prazo, redução de impostos. Defende o fim de algumas políticas sociais criadas nos últimos governos, além de aumentar a idade da aposentadoria, permitir aos policiais atuar em legítima defesa e privatizar empresas públicas, por exemplo.
Lacalle Pou foi habilidoso ao, uma semana após as eleições em primeiro turno, se aliar aos terceiro e quarto candidatos mais votados. Ele se aliou a Ernesto Talvi, do Partido Colorado, e a Guido Manini Rios, do partido Cabildo Aberto, que obtiveram, respectivamente, 12% e 11% dos votos no primeiro turno. Assim, conseguiu formar uma “aliança multicolorida” entre os “blancos”, como são conhecidos os apoiadores do Partido Nacional, os “colorados” (Partido Colorado) e os “cabildantes”, do partido Cabildo Aberto.
Analistas avaliam que Lacalle Pou dificilmente conseguirá manter a aliança até o final de seu mandato, caso seja eleito. Ele teve que desistir de algumas promessas de campanha para conformar a aliança e não se sabe se conseguirá manter o entendimento com colorados e cabildantes. Os temas de maior discordância são a segurança, direitos humanos e educação.