Quem são as startups brasileiras candidatas a novos unicórnios em 2020
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Primeiro foram as fintechs e os aplicativos de entregas e de mobilidade urbana. Depois vieram imobiliárias online, plataforma de educação e rede de academias de ginástica. Em 2020, outros setores vão engrossar a lista brasileira de unicórnios, as startups de tecnologia que valem mais de 1 bilhão de dólares.
Membro recente nessa seara, o Brasil está numa crescente. Foram mais seis unicórnios em 2019, chegando a 11 no total, com a plataforma de aluguel de imóveis Loft no início deste mês.
Segmentos das áreas de saúde, logística, agronegócio e gestão também vêm despontando, na prévia de uma diversificação muito maior, que tornará em negócios multibilionários projetos como inteligência artificial, genética e big data.
Para especialistas, apesar da liderança das fintechs, como a plataforma de finanças pessoais Guiabolso, o banco Neon, a empresa de crédito com garantia Creditas, a plataforma de gestão financeira para pequenas empresas ContaAzul e a de antecipação de recebíveis Weel, outros negócios devem despontar nos próximos meses.
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“Há uma safra de bons empreendedores surgindo no Brasil, muitos na indústria financeira, mas também em saúde, setor imobiliário, infraestrutura, educação e criadores de marcas de contato direto com consumidor”, disse Santiago Fossatti, sócio da Kaszek Ventures.
Entre alguns nomes citados por profissionais do mercado como possíveis próximos membros do clube estão a CargoX, plataforma de gestão de transporte de carga rodoviária, o grupo de e-commerce Vtex, o aplicativo de viagens de ônibus Buser e a plataforma de compra e venda de veículos usados Volanty.
“O ecossistema no Brasil amadureceu bastante nos últimos três a cinco anos, com a tecnologia penetrando em praticamente todas as áreas da economia”, disse Anderson Thees, sócio fundador da Redpoint, que já investiu em unicórnios como Nubank, Rappi e Gympass e tem hoje 40 startups brasileiras na carteira.
“Vamos ver muito breve unicórnios de mais setores.”
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Negócios de bilhões de dólares baseados em tecnologia são algo relativamente novo no Brasil. Começou em 2017 com o Nubank. Na América Latina há apenas mais dois, na Colômbia. Para efeito de comparação, na China há 104, ante mais de 200 nos Estados Unidos, segundo a CB Insights.
Mas, a exemplo de chineses e norte-americanos, o Brasil tem um grande mercado consumidor e amplo acesso da população a smartphones e virar um hub de startups com ênfase no modelo B2C, de interface direta com consumidores, era questão de tempo.
Entre os fatores que acenderam esse potencial estão a flexibilização regulatória nas áreas financeira e de mobilidade urbana.
Além disso, a forte queda do investimento necessário para montar um negócio de base tecnológica e o aumento do volume de recursos canalizados para capital de risco tem levado pequenos empreendedores a tentarem reproduzir aqui experiências norte-americanas e chinesas bem-sucedidas.
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“Hoje pode-se criar um negócio de varejo eletrônico com o que há de melhor em tecnologia investindo cerca de 50 mil dólares”, diz Thees.
Segundo a Abstartups, entidade do setor, o número de startups no Brasil passou de 600 para quase 13 mil nos últimos oito anos. Nesse período, o volume de dinheiro comprometido com private equity e venture capital no Brasil quase triplicou em sete anos, para mais de 170 bilhões de reais, segundo a Abvcap.
Velocidade
De olho nesse fenômeno, gestoras de venture capital como a norte-americana Redpoint, a brasileira monashees e a Kaszek, da Argentina, se especializaram em identificar e investir em startups com potencial de crescimento rápido no Brasil e na América Latina.
Só esta última tem 1 bilhão de dólares comprometidos em startups na América Latina, dois terços disso em cerca de 50 startups brasileiras.
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A capacidade desse tipo de gestora de não apenas injetar capital, mas de ter interlocução com grandes fundos globais, como o japonês Softbank, a Temasek, Sequoia, entre outros, lubrificou essa engrenagem.
Com isso, o período para uma startup virar unicórnio tem caído rapidamente. A Movile, dona do iFood, e a PagSeguro levaram duas décadas para atingir essa condição.
A plataforma de aluguel de imóveis Loft, tornou-se neste mês o mais novo unicórnio do país, 16 meses após ter sido criada.
“Os prazos para atingir o objetivo de virar startup gigante estão diminuindo na mesma velocidade com que o volume de recursos está crescendo”, disse o principal executivo de uma das gestoras mais ativas de venture capital, sob condição de anonimato.
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“Em geral, a expectativa é de que ao comprometer dezenas de milhões de dólares, o investidor espera que a startup cresça mais rápido, a ponto de receber outro investimento de centenas de milhões que a torne em unicórnio no prazo de 18 a 30 meses.”
Exemplos de internacionalização de unicórnios ainda são raros, casos de Nubank e Gympass, mas devem também crescer, segundo os especialistas, à medida que os empresários entendam características regulatórias e de mercado de cada região.
Diferentes horizontes
Simultaneamente à atuação dos fundos de venture capital, hubs de inovação patrocinados por grandes empresas, como o Cubo, do Itaú Unibanco (ITUB4), e o Habitat, do rival Bradesco (BBDC4), têm ajudado a dar visibilidade aos negócios de tecnologia.
“Isso dá mais horizontes para os empreendedores e os investidores, diz Renata Zanuto co-presidente do Cubo.
Entre os exemplos mais recentes nesse sentido, o Itaú Unibanco assumiu o controle da companhia mineira de serviços de tecnologia Zup por cerca de 500 milhões de reais, que era investida pelo Kaszek. A B2W comprou a Supermercado Now, que tinha recebido aporte de family offices.
Segundo Fossatti, da Kaszek, apesar da visibilidade criada com a multiplicação dos unicórnios brasileiros, essa não é uma realidade perseguida pelos fundos de capital de risco como alvo final para todas as startups.
“O objetivo principal é criar empresas que tenham impacto positivo na vida de milhões de pessoas, não necessariamente em unicórnios”, disse o executivo.