Capital Economics

Quem pode receber os votos de Lula?

25 jan 2018, 13:30 - atualizado em 25 jan 2018, 14:33
“Eu nunca tive nenhuma ilusão com o comportamento dos juízes na questão da Lava Jato” Foto: Twitter

Ainda não se sabe o efeito da condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre as pesquisas eleitorais, mas o que já é conhecido é que o PT pretende levar o seu nome como candidato à Presidência da República até quando puder. Afinal, alguns juristas acham que ele ainda teria recursos para se candidatar, mesmo que em situação jurídica bastante precária. Na avaliação deles, isso dependerá do “timing” da Justiça Eleitoral.

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Em um relatório recente obtido pelo Money Times, a consultoria global Medley Global Advisors (MGA) acredita que Lula deverá continuar em campanha para consolidar a sua base eleitoral e a estratégia de que ele é perseguido injustamente. “Houve um pacto entre o Poder Judiciário e a imprensa, que resolveram que era hora de acabar com o PT e com a nossa governança no país”, afirmou durante um discurso ontem após a decisão do TRF-4.

“Isso fará com que o seu caso seja mais forte para apelar ao Tribunal Superior Eleitoral, tendo os números das pesquisas ao seu lado, e também aos tribunais superiores, especialmente no Supremo Tribunal (STF). Ao mesmo tempo, uma base eleitoral mais forte expande seu poder de transferir votos para outro candidato”, ressalta o analista João Villaverde.

Votos

A última pesquisa do Datafolha, publicada em dezembro do ano passado, mostra que o ex-presidente Lula lidera os cenários para a eleição presidencial, com Jair Bolsonaro (PSC) em segundo lugar e, na ausência do petista, assumindo a liderança na disputa. Os nomes do PSDB nas simulações de voto, Geraldo Alckmin e João Doria, têm desempenho similar.

Para Villaverde, caso Lula deixe a campanha ainda no primeiro trimestre, os seus votos serão divididos entre Ciro Gomes (PDT), com a maior fatia, mas outros também deverão receber algo, como Marina Silva (REDE), Manuela D’Avila (PC do B) e Guilherme Boulos (PSOL). Já se Lula abandonar a corrida em agosto, entretanto, o seu poder de transferir votos para alguém específico será maior ao torná-lo um possível participante no segundo turno.

“O ponto mais importante é que um candidato centrista plausível para desafiar tanto Lula quanto Jair Bolsonaro ainda não emergiu. Isso pode mudar conforme a clareza do panorama político após o julgamento de Lula”, avalia Neil Shearing, economista da consultoria Capital Economics.

Além de tudo isso, a sombra sobre a possibilidade de registro do petista no dia 15 de agosto ainda permanece. “Este ainda é um resultado de baixa probabilidade, mas não é impossível. Embora as chances sejam muito baixas, não é impossível que o nome de Lula permaneça na cédula no dia da eleição em 7 de outubro”, pontua o analista.

Para Shearing, embora o resultado complique a situação de Lula, ainda não encerra de vez a incerteza. “No limite, diríamos que ainda existe uma chance de 30% que ele acabe na cédula.”