As ações de varejo que ganham, perdem ou nem se mexem com o coronavírus
O BB Investimentos realizou uma revisão geral das empresas de varejo sob sua cobertura, para incorporar o impacto do coronavírus. A maioria das análises levou ao corte da recomendação, mas, a boa notícia é que ainda há ações com potencial de alta acima da média do mercado (outperform).
Entre os 11 papéis avaliados por Georgia Jorge, que assina o relatório, cinco ainda mantiveram o status de outperform. Para os demais, a expectativa é que seu rendimento fique em linha com a média do mercado, o que caracteriza a recomendação marketperform.
O destaque positivo da revisão é a Raia Drogasil (RADL3), que foi promovida de marketperform para outperform. Georgia observa que a rede de farmácias é uma das menos prejudicadas pela pandemia de coronavírus.
O motivo é óbvio: em meio a uma crise de saúde, o setor farmacêutico é um dos poucos que escapa à determinação das autoridades de suspender as atividades não essenciais.
Outro aspecto positivo é a boa atuação no varejo online, um diferencial que conquistou com a aquisição de uma rede rival, a Onofre. Isso não significa que a Raia Drogasil seja imune ao impacto econômico do coronavírus, segundo o BB Investimentos.
“Passada a quarentena, a situação de maior endividamento das famílias deverá permanecer pressionando o consumo e com isso, impactar as vendas de médio prazo da Raia Drogasil, ainda que em menor intensidade do que nas companhias mais sujeitas ao consumo cíclico”, diz.
Rebaixamento
Outras três recuaram de outperform para marketperform: Lojas Americanas (LAME4), Lojas Renner (LREN3) e Restoque (LLIS3).
O BB Investimentos argumenta que a Lojas Americanas encontra-se numa situação ambígua. De um lado, a varejista está conseguindo manter as lojas de rua abertas, devido ao seu mix de produtos, que contempla também gêneros de primeira necessidade, como alimentos.
De outro, artigos de consumo discricionário, como vestuários e eletroeletrônicos, apresentam queda nas vendas. Por fim, as lojas instaladas em shopping centers, que representam 30% de seu portfólio, estão fechadas por tempo indeterminado.
Consumo não prioritário
Já a Lojas Renner deve sofrer um impacto “mais intenso no curtíssimo prazo”, devido a algumas vulnerabilidades. Seu mix de produtos é mais sujeito ao consumo discricionário, e suas operações dependem mais de lojas físicas.
O BB Investimentos acrescenta que um aspecto contábil pesará contra a Renner: a necessidade de contabilizar a obsolescência de parte dos produtos não vendidos na quarentena, já que as lojas estão fechadas.
Traduzindo: alguns produtos passarão da data de validade, deverão ser descartados e o prejuízo, incorporado ao balanço.
É uma situação semelhante à da Restoque, com a diferença de que esta pode ser menos afetada, devido à sua concentração no mercado de luxo, por meio de sua marca Les Lis Blanc, segundo o BB Investimentos.