Economia

“Quem entende do assunto não contestou”, diz Luiz Cezar Fernandes sobre artigo

01 set 2017, 14:50 - atualizado em 05 nov 2017, 13:57

Dinheiro

Um artigo de Luiz Cezar Fernandes, fundador do antigo Pactual e sócio de Jorge Paulo Lemann no Garantia, provocou alvoroço no debate a respeito da trajetória das contas públicas. O texto “Aperte o bolso: o calote vem aí” prevê que o crescimento da dívida pública atingirá 100% do PIB em 2019. O banqueiro, hoje sócio da GRT Partners, falou sobre o assunto e a repercussão em conversa com o Money Times na noite de quinta-feira (31).

“Há quem distorça o que dissemos, mas quem entende do assunto não contestou, nem economista, nem político”, diz Fernandes. Segundo ele, pessoas apontaram para 90% do PIB em 2019. “Isso para 100% é a mesma coisa. Mesmo assim eu sou mais 100% do que 90%.”

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Crescendo ano a ano, a dívida pública alcançou o equivalente a 70% do PIB ao fim de 2016 e agora se aproxima de 75% do PIB. “A aceleração da divida é exponencial porque a base sempre é maior. Crescer 10% de 10 é uma coisa, agora crescer 10% de 100 é outra coisa. Nossa base está muito alta, e qualquer porcentagem em cima alavanca muito rápido. Vamos chegar no próximo governo já beirando os 100%, certamente”, avalia o banqueiro.

O remédio contra o calote passa pela agenda de reformas estruturais, notadamente a da Previdência. Fernandes, porém, duvida de qualquer êxito a curto prazo por conta da ausência de líderes políticos capazes de tocar o barco. “Precisamos de uma liderança forte e carismática, mas estamos desfalcados, não vejo ninguém com condições de puxar o carro.”

Para o sócio da GRT Partners, Michel Temer não avançará nas reformas que propôs, embora conseguirá se equilibrar na corda bamba até o fim do mandato. Quanto às eleições, Luiz Cezar Fernandes espera a ascensão de algum candidato de terceira via, ao estilo Emmanuel Macron na França, situado entre a polarização da esquerda versus direita.

“Não fazemos nada pelo amor, só pela dor. Não vamos para o céu nunca, nem vai para o inferno nunca. A minha esperança é que em algum momento os políticos vão se assustar e não vão deixar a gente cair no poço. O problema é que eles não têm percepção de que estamos à beira do abismo.”

Na noite de quinta-feira, o governo enviou ao Congresso uma proposta orçamentária de déficit de R$ 129 bilhões no ano que vem, entretanto a equipe econômica já definiu uma meta de déficit de R$ 159 bilhões – ainda não aprovada pelo Congresso.

“Os R$ 159 bilhões não serão suficientes. O numero que precisamos é em torno de R$ 170 bilhões e R$ 180 bilhões. Teremos de voltar à mesa de novo. Não cortamos na carne e carga fiscal não é possível aumentar. Como cobriremos déficit se não tem fiscal? Fazendo dívida”, afirma o fundador do Pactual.

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