Política

Quem é Vladimir Putin, ex-KGB e “aspirante a czar” que pode somar 36 anos à frente da Rússia

25 fev 2022, 19:41 - atualizado em 25 fev 2022, 19:41
Putin
Vladimir Putin, de 69 anos, iniciou sua vida pública como vice-prefeito de São Petersburgo, sua cidade natal, em 1994 (Imagem: Sputnik/Alexey Nikolsky/Kremlin via REUTERS)

Vladimir Putin, presidente da Rússia, ordenou na quinta-feira (24) o início de uma ação militar na Ucrânia, dando fim a um impasse diplomático e início a uma guerra que já contabiliza mais de 100 mortos.

Ex-integrante do serviço secreto russo, a KGB, e protagonista na política há mais de duas décadas, o governante enfrenta diversas acusações de um regimento doméstico autoritário e uma política externa territorialista.

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Trajetória

Putin, de 69 anos, iniciou sua vida pública como vice-prefeito de São Petersburgo, sua cidade natal, em 1994.

Seu próximo cargo público foi já em 1999, quando foi selecionado para ser primeiro-ministro de Boris Yeltsin, cuja renúncia meses depois tornou Putin chefe do executivo pela primeira vez, de forma interina.

Em março de 2000, Putin foi eleito presidente da Rússia com 53% dos votos.

Desde então, Putin não esteve à cargo da presidência somente entre 2008 e 2012, durante o mandato de Dimitri Medvedev, no qual foi novamente primeiro-ministro.

“Autocrata”

Analistas costumam dizer que, em termos práticos, o político nunca deixou de exercer o poder máximo sobre a Rússia, tendo Medvedev apenas como um presidente decorativo.

“Mesmo quando primeiro-ministro, era ele quem dava a palavra final”, pontuou o Guilherme Fernandes, especialista em direito internacional.

No rol de acusações contra Putin, também estão manobras políticas que o permitem estar no poder sem a necessidade da realização de um golpe às claras.

Para Fernandes, as condições práticas do regime o caracterizam como “uma ditadura”.

“Putin pode ser considerado um novo Czar. Ou ele prende [agentes da oposição], ou manda matar”, diz.

Em 2020, um dos principais opositores de Putin, o ativista Alex Nalvany, atraiu olhos de toda a comunidade internacional ao alegar ter sido perseguido e envenenado por parte do regime.

Atualmente, Nalvany está preso e enfrenta um julgamento que pode levá-lo a mais de 15 anos de prisão.

Em agosto de 2021, jornalistas russos se uniram e lançaram uma carta contra cerceamentos à imprensa realizados pelo presidente.

Segundo o jornal The Guardian, os veículos de imprensa se queixavam de perseguições diversas e de serem nomeados como “organizações indesejáveis” por parte do governo.

O Nobel da Paz do mesmo ano foi cedido a Dmitry Muratov, editor reconhecido por prezar pela liberdade de expressão no país.

Grande Rússia?

O presidente já proferiu discursos lastimando a dissolução da União Soviética e, em dezembro de 2021, quando questionado em uma coletiva de imprensa sobre a possibilidade de uma invasão à Ucrânia, Putin classificou a política externa russa como “pacífica”, mas que precisa garantir sua segurança.

“Esta é uma questão muito sensível para nós, precisamente a expansão da Otan [Organização do Tratado do Atlântico Norte] para o leste, incluindo a Ucrânia. Como podemos não pensar nisso? Seria um crime para nós não reagir e observar o que acontece sem fazer nada”, disse.

A recente investida militar contra a Ucrânia pode ser enquadrada em duas hipóteses, segundo Fernandes.

A primeira é a de que a invasão pode ser uma resposta ao avanço da zona de influência econômica e política exercida pela Otan.

“Ao invés [da Otan] parar de crescer após o fim da guerra fria, ela continuou sua expansão para toda a Europa Ocidental e chegou às portas da Rússia, integrando Bulgária e Romênia”.

Além disso, o avanço de Putin pode ser visto como uma expansão da Rússia na tentativa de “reviver o império russo”, focando em questões étnicas.

“Existem grupos na Ucrânia que se identificam como russos e são pró-Rússia”, diz Fernandes.

Para o especialista, as hipóteses não se excluem.

36 anos na presidência

No ano passado, o presidente sancionou uma medida que o permite disputar a reeleição por mais duas vezes, o que, na prática, garante possibilidade de ocupar a presidência da Rússia por mais 12 anos após o fim de seu atual mandato, em 2024.

A aprovação foi alvo de críticas por parte da oposição.