Quem é o ex-banqueiro que pode aproximar Lula da Faria Lima
Com passagens pelo setor público e financeiro, o economista Gabriel Galípolo, de 39 anos, entrou na mira da imprensa nesta semana após acompanhar a deputada federal e presidente do PT Gleisi Hoffmann em um jantar com empresários e banqueiros, promovido pelo Grupo Esfera, na segunda-feira (4).
Na ocasião, conforme revelado pelo jornal Folha de S. Paulo, Galípolo foi apresentado como um dos novos economistas do círculo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Mestre em Economia Política pela PUC-SP, mesma universidade onde se formou em Ciências Econômicas e já lecionou, Galípolo presidiu o Banco Fator entre 2017 e 2021. Antes disso, trabalhou na Secretaria Estadual de Economia e Planejamento de São Paulo, na gestão de José Serra.
Hoje, é professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), pesquisador do Cebri (Centro Brasileiro de Relações Internacionais), conselheiro da Fiesp, além de atuar na própria consultoria após uma sociedade com o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, com quem publicou três livros.
Um possível mediador
“Há setores do mercado que – embora minoritários – não apenas não gostam do presidente Bolsonaro, como também não rejeitam totalmente o ex-presidente Lula – como parece ser o caso de Gabriel Galípolo”, avalia o cientista político e professor da FGV Cláudio Couto.
Neste contexto, ele enxerga a aproximação entre o PT e Galípolo como sendo de interesse mútuo, enquanto o segundo busca uma alternativa ao projeto atual que está no Poder, o partido obtém um mediador com a Faria Lima e o “PIB brasileiro”.
Para o cientista político, a proximidade entre a legenda de esquerda com um ex-banqueiro também pode ser interpretada como um sinal de que o partido não pretende adotar uma política de confronto com o mercado, abrindo caminho para o diálogo.
Igualmente, o professor da FGV considera que a medida que Lula aparece como favorito nas pesquisas é natural que setores do mercado procurem estabelecer certo contato.
Os banqueiros do PT
Apesar da atenção voltada para a aproximação de Gabriel Galípolo com o PT , não é a primeira vez que o partido se alinha com um banqueiro.
Logo após vencer as eleições de 2002, Lula convidou Henrique Meirelles, que iniciou sua carreira no BankBoston em 1974, para presidir o Banco Central (BC). Meirelles foi o mais longevo presidente da instituição, à frente do BC entre 2003 e 2011.
Outras figuras como Luiz Carlos Trabuco Cappi, que presidiu o Bradesco por nove anos, foi convidado para ser Ministro da Fazenda no governo de Dilma Rousseff em 2014. Com a recusa de Trabuco, Joaquim Levy, que havia acabado de deixar a divisão de gestão de ativos do Bradesco, assumiu a pasta.
O Money Times entrou em contato com Gabriel Galípolo, que preferiu não dar entrevista.