Vacinas

Queiroga busca permuta com EUA por 20 milhões de vacinas e fala em ampliar compra da Pfizer

29 mar 2021, 19:29 - atualizado em 29 mar 2021, 19:29
Queiroga
Segundo ele, o ministério pode ampliar o contrato com a empresa (Imagem: REUTERS/Ueslei Marcelino)

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que vai receber na terça-feira o embaixador dos Estados Unidos em Brasília, Todd Chapman, para discutir a possibilidade de uma permuta de vacinas entre os dois países para a antecipação do envio ao Brasil de 20 milhões de doses de imunizantes contra a Covid-19.

Queiroga relatou, nesta segunda-feira em audiência pública de comissão do Senado que acompanha ações de enfrentamento à pandemia, um telefonema que teve sobre o tema com o embaixador do Brasil em Washington, Nestor Forster, para tratar da questão, e que o próximo passo será um encontro com o representante do governo norte-americano.

O ministro citou as vacinas da Pfizer, que o Brasil contratou 100 milhões de doses para 2021, mas ainda não recebeu nenhuma, por ter demorado a firmar acordo com o laboratório norte-americano.

Segundo ele, o ministério pode ampliar o contrato com a empresa.

“Nós estamos muito empenhados em conseguir uma antecipação, uma troca, porque os americanos não vão liberar vacinas antes que tenham vacinado toda a sua população, mas eles aceitam fazer uma permuta. Então, como nós já adquirimos da Pfizer, e hoje eu fiz uma reunião com a Pfizer e vamos adquirir mais, vamos fazer uma permuta, ver se conseguimos uns 20 milhões de doses para que fortaleça o nosso programa de imunizações”, disse o ministro, sem detalhar a possível compra adicional de doses da Pfizer.

O contrato do Brasil com a Pfizer prevê a entrega de 2 milhões de doses até maio, com a grande maioria das 100 milhões de doses contratadas (cerca de 86,5 milhões) previstas apenas para o terceiro trimestre.

Mais cedo, o ministro se reuniu com a Pfizer para pedir a antecipação da entregue 50 milhões de doses.

De acordo com a Pfizer, o acordo entre o laboratório e o Ministério da Saúde prevê a possibilidade de um pedido de doses adicionais a partir do quarto trimestre de 2021.

O ministro também afirmou na comissão que a permuta com os Estados Unidos pode incluir vacinas contratadas pelo Brasil do programa Covax Facility, coordenado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Por esse programa, o Brasil receberá 42,5 milhões de doses da vacina da AstraZeneca , mas, até o momento, recebeu apenas pouco mais de 1 milhão de doses.

O presidente dos EUA, Joe Biden, tem sofrido pressão de países para compartilhar vacinas, especialmente seu estoque de vacinas da AstraZeneca, que são autorizadas para uso em diversos lugares, inclusive no Brasil, mas não nos Estados Unidos.

Tanto a vacina da AstraZeneca como a da Pfizer têm registro completo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o que significa que poderiam ser usadas imediatamente no Brasil.

O Brasil enfrenta o pior momento da pandemia de Covid-19, com quase 2.600 mortes por dia em média nos últimos 7 dias, e sofre com o ritmo lento da vacinação desde o início em janeiro.

De acordo com o Ministério da Saúde, 13,9 milhões de pessoas foram vacinadas com a primeira dose no país, o equivalente a 6,5% da população brasileira.

Na audiência, o ministro também defendeu que os planos de saúde sejam obrigados a fornecer cobertura para as vacinas contra Covid-19, e disse que iniciou conversas com demais setores do governo e com a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) nesse sentido.

“Nós entendemos que a vacina tem que entrar no rol de cobertura obrigatória da saúde suplementar”, afirmou.