Queda no PIB americano aumenta medo de recessão
A economia dos Estados Unidos está fora dos trilhos. O Produto Interno Bruto (PIB) americano fechou o 1º trimestre com uma queda de 1,6%, na taxa anualizada. A medição anterior apontava uma retração de 1,5%.
O declínio do PIB refletiu o ritmo mais lento de acúmulo de estoques pelas empresas, devido a problemas da cadeia de suprimentos e escassez de trabalhadores. “Sazonalmente, é comum uma desaceleração no PIB americano no 1º trimestre. A surpresa é que a gente já começa a ver as pressões inflacionárias corroendo as companhias”, afirma Guilherme Zanin, analista da Avenue. “Com a alta da inflação, as empresas vendem produtos mais caros e a receita aumenta. Mas o custo elevado com mão de obra elevado e também preço de matéria-prima maior acabou corroendo a margem das companhias.”
O que preocupa é que essa foi a primeira queda desde o início da pandemia. Na época, o PIB americano caiu 5,1% no primeiro trimestre de 2020, para depois afundar 31,2% nos três meses seguintes.
De lá para cá, foram só altas, com destaque para os últimos três meses do ano passado, quando o PIB cresceu 6,9%.
E os dados de hoje se juntam a outros indicadores que não são muito positivos: no início da semana, por exemplo, foi divulgada queda na confiança do consumidor para uma mínima de 16 meses. O que sugere que os consumidores podem reduzir os gastos diante da inflação persistente.
Se o PIB se manter negativo no 2º trimestre, o país entra no que os economistas chamam de recessão técnica – que são dois trimestres seguidos de queda na atividade econômica.
Para a consultoria High Frequency Economics (HFE), o desempenho do PIB deve melhorar no 2º trimestre, mas o risco de recessão está crescendo e não tem muito como fugir. “Adotar uma política restritiva é essencial para conter a disparada da inflação nos EUA, mesmo que o crescimento desacelere este ano.”
Já Débora Nogueira, economista-chefe da Tenax Capital, ressalta que o quadro de recessão dos EUA deve ficar apenas para o ano de 2023. “Apesar de a maior economia do planeta estar enfrentando a maior taxa de inflação em 40 anos e começando um ciclo de aperto monetário agressivo, a crise no momento difere da que ocorreu em 2008.”
A especialista explica que o mercado de trabalho dos EUA por ora segue aquecido, impulsionado pelo movimento de reabertura da economia, além do fato dos americanos terem acumulado poupança durante a pandemia de Covid-19 com os cheques pagos pelo governo Biden.
Colaboração Lucas Eurico Simões
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