Queda no IPCA-15 não apaga tom firme do Banco Central, apontam economistas
A prévia da inflação de setembro registrou queda de 0,37%. Essa é a segunda queda consecutiva do indicador, que caiu 0,73% em agosto, e vai melhor que a projeção do mercado de -0,20%.
“O IPCA-15 acelerou em relação à leitura de agosto, puxado pela dissipação do impacto de corte de tributos sobre energia elétrica e combustíveis, pela alta de passagens aéreas e pela aceleração sazonal de vestuário”, afirma Bruno Balassiano, analista de macro research do BTG Pactual.
O resultado positivo deve resultar em revisão baixista das projeções do mercado em relação à inflação. Para Carlos Macedo, economista e especialista em alocação de investimentos da Warren Investimentos, é inegável que o pior da inflação já passou e que há arrefecimento marginal.
“A dúvida está em qual será a velocidade de queda da inflação nos próximos meses diante de uma atividade econômica aquecida internamente”, afirma.
Animação barrada pelo Banco Central
No entanto, pouco antes da divulgação do IPCA-15, o Banco Central liberou a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) e o documento seguiu com o tom hawkish (de manter uma política monetária apertada e com taxas de juros mais altas).
Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, destaca que, ainda que a autoridade tenha optado pela estabilidade da Selic em 13,75%, a discussão para a elevação do juro em mais 0,25 ponto percentual foi intensa.
“O Banco Central, em seu comunicado, fez questão de evidenciar que há uma assimetria pró-retomada de altas de juros, principalmente pela ênfase dada à opinião dos dissidentes”, diz.
O Copom deixa claro que a autoridade vai acompanhar de perto o movimento de desinflação, para decidir por quanto tempo deve manter a Selic em um patamar alto e quando começarão os cortes na taxa de juros.
“A comunicação busca afastar cenários com cortes de juros precoces. Mantemos assim nossa perspectiva de que o BC manterá a Selic em 13,75%, até maio de 2023”, afirma Sanchez.
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