Commodities

Queda na demanda chinesa contém a valorização do cobre

15 jun 2021, 14:14 - atualizado em 15 jun 2021, 14:14
Cobre
 O cobre bateu recorde no mês passado, mas a pressão sobre o metal se intensifica com o esfriamento da demanda na China e a maior confiança de que as forças inflacionárias observadas nas principais economias serão transitórias (Imagem: Pixabay/danielam)

A alta astronômica do preço do cobre começa a ceder à medida que investidores desfazem apostas otimistas e surgem mais evidências de recuo da demanda no setor industrial chinês.

A cotação atingiu o menor patamar em sete semanas. O cobre bateu recorde no mês passado, mas a pressão sobre o metal se intensifica com o esfriamento da demanda na China e a maior confiança de que as forças inflacionárias observadas nas principais economias serão transitórias.

A possibilidade de desaceleração das compras emergenciais de ativos pelo banco central dos EUA reforça as perspectivas para o dólar, abalando um dos pilares de suporte do cobre e de outras commodities que foram beneficiadas pela desvalorização da moeda americana no último ano.

Embora problemas de oferta e o impulso à demanda decorrente da transição para a energia verde sustentem as perspectivas de longo prazo para o cobre, o êxodo de investidores parece estar mais rápido diante do aumento das pressões advindas de questões técnicas, macroeconômicas e de fundamentos de curto prazo.

“Estamos em um momento em que diversos ventos cíclicos que sopravam a favor se dissiparam ou já passaram do auge”, explicou Colin Hamilton, diretor-gerente de pesquisa de commodities da BMO Capital Markets. “Aquele medo de que algo só vai subir e subir, isso já deixou o mercado.”

O cobre entregou desempenho excepcional durante o movimento de alta das commodities que dura um ano, no qual o aumento na demanda coincidiu com gargalos que causaram estragos nas cadeias de abastecimento ao redor do planeta.

As principais perguntas dos investidores em diversas classes de ativos são se o avanço será temporário e se o impacto inflacionário sobre os consumidores vai durar pouco.

Os representantes do banco central americano estão confiantes que sim e os investidores começam a concordar, diante de sinais de que o aumento da demanda por residências e bens intensivos em commodities se aproxima do pico.

No mercado físico de cobre, múltiplos sinais de fraqueza na China também causam alarme, incluindo a queda nos prêmios de importação pagos pelos compradores.

Estoques mantidos pela Bolsa de Metais de Londres na Ásia atingiram o maior nível em um ano. Um operador especializado nos estoques da bolsa londrina conta que parte do metal recebido vem da China, sugerindo que os fornecedores não estão encontrando compradores no mercado doméstico.

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No mercado físico de cobre, múltiplos sinais de fraqueza na China também causam alarme, incluindo a queda nos prêmios de importação pagos pelos compradores (Imagem: Pixabay/Alexas_Fotos)

“Se os operadores chineses estão dispostos a colocar material no exterior, isso sugere que eles não esperam um lance doméstico tão cedo”, disse Hamilton, da BMO.

Nem todos os sinais são negativos. Parte da justificativa para a alta nos preços é o aumento da demanda de longo prazo que virá com a transição energética global, considerando o papel central do cobre em diversos componentes — dos carregadores dos veículos elétricos às turbinas eólicas.

Com isso, outros grandes países industrializados terão maior influência sobre a formação da demanda de cobre, oferecendo proteção contra momentos de fraqueza no mercado chinês.

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