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Queda do petróleo ao menor nível em quatro meses; o que está por trás?

05 jun 2024, 11:34 - atualizado em 05 jun 2024, 11:34
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Dados econômicos dos Estados Unidos e conflitos geopolíticos aparecem para influenciar cotação do petróleo (Imagem: Pixabay)

Desde a semana passada, o petróleo vem estendendo as suas perdas. Tanto que, na segunda-feira, a commodity tipo Brent caiu abaixo de US$ 80 por barril pela primeira vez desde fevereiro.

Apesar de operarem em alta de 0,52%, às 11 h desta quarta-feira (05), o petróleo tipo Brent/agosto apresenta cotação de US$ 77,92 e o West Texas Intermediate (WTI)/julho, US$ 73,63, ambos abaixo de US$ 80 por barril.

O movimento de queda vem na esteira de outros dados relevantes para a commodity, como o anúncio pela Opep+ da extensão de cortes de produção e a expectativa da Agência Internacional de Energia (AIE) de redução na demanda global por petróleo.

Para Bruno Pascon, diretor e sócio do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura), por trás da queda entram outros motivos: os conflitos geopolíticos, com a possibilidade de assinatura de um cessar-fogo entre o Hamas e Israel, e a sinalização de dados recentes dos Estados Unidos (EUA), trazendo índices econômicos abaixo do esperado e estoque de petróleo maior pelo país.

Pascon afirma que já havia uma expectativa de menor crescimento, do lado da demanda, em relação ao ano passado.

Com relação aos Estados Unidos, ele explica que, conforme os cortes de juros são postergados, a pressão de demanda diminui e o preço do petróleo também cai.

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Demanda brasileira por petróleo pode diminuir, se economia não ajudar

Ele também afirma que a extensão de cortes pela OPEP+ não gerou efeitos no cenário dos preços de petróleo do curto prazo, reiterando que o cenário de preço da commodity é o que o mercado está enxergando para agosto, na curva futura.

“Se a economia norte-americana crescer só 1% a 1,5%, o nosso cenário de preço de petróleo de US$ 85,15 médio para o ano, cairia para entre US$ 83, o preço que está hoje, e US$ 83,5. Acho que essa é a principal variável, do ponto de vista do nosso modelo, sendo necessário acompanhar ao longo do segundo semestre a questão geopolítica, que sempre pode ter algum efeito”, afirma o diretor.

No caso do Brasil, ele entende que o mercado ainda está trabalhando com um crescimento econômico para o ano, ainda que as expectativas para a velocidade de redução de juros esteja menor.

Dados econômicos brasileiros são acompanhados de perto, como a recente divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e a atualização do relatório Focus, prevendo alta da Selic terminal.

“Pode ter um cenário de impacto negativo para o Brasil, do ponto de vista desses juros mais altos por mais tempo, mas vai depender de qual é o cenário macroeconômico”, afirma Pascon. “Se o mercado realmente enxergar que o Brasil vai crescer menos, de 2% a 2,5% esse ano, pode ter, sim, o efeito redutor de demanda”, finaliza.