Queda do dólar alivia efeito das commodities na inflação e pode ajudar BC
A forte queda recente do dólar, que levou a moeda ao menor nível em dois anos, pode compensar parcialmente o impacto da alta das commodities sobre a inflação, dando ao Banco Central algum alívio em sua batalha, que já dura um ano.
O real brasileiro valoriza-se em 15% este ano, quase o dobro da alta da segunda melhor moeda emergente do período, o rand sul-africano, enquanto o Índice Bloomberg Commodities sobe 30% no mesmo período em meio ao choque de oferta de energia e materiais básicos causados pelo conflito na Europa Oriental. Quando medido em reais, o ganho do índice é reduzido para 13%.
Os ganhos do real estão compensando parcialmente o impacto dos altos preços das commodities, disse a diretora do Banco Central Fernanda Guardado, após a apresentação do relatório trimestral de inflação.
As taxas de juros futuras caem depois que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse que, embora a taxa Selic deva subir 1 ponto percentual novamente em maio, um aumento adicional em junho não é a decisão mais provável. Após a fala do dirigente, o mercado reduziu os prêmios para altas adicionais da taxa após a reunião de maio.
O impacto benigno do câmbio sobre a inflação pode demorar, mas deve atingir os preços de muitos produtos, ajudando o BC a conter a inflação com menos aumentos de taxas, disse Gustavo Brotto, CIO da Greenbay Investimentos. “Nosso cenário é de apenas mais uma alta de 100 pontos base”.