Queda de embarques de soja e maior vigor das importações contêm saldo comercial em novembro
O Brasil teve superávit comercial de 3,7 bilhões de dólares em novembro, abaixo do esperado, em meio à queda expressiva nas exportações do setor agropecuário e a uma melhora na dinâmica das importações, divulgou o Ministério da Economia nesta terça-feira.
Em pesquisa Reuters, a expectativa era de um superávit de 4,789 bilhões de dólares.
O resultado ficou levemente acima do saldo comercial positivo de 3,6 bilhões de dólares de novembro do ano passado, mas abaixo dos 4,1 bilhões de dólares obtidos no mesmo mês de 2018.
Pela média diária, as exportações gerais caíram 1,2% sobre novembro de 2019, a 17,5 bilhões de dólares.
Na agropecuária, o recuo nos produtos vendidos foi de 21,9% pela mesma base de comparação.
Enquanto isso, houve retração de 2,9% na indústria da transformação, e um aumento nos embarques de 26,9% na indústria extrativa.
Em coletiva de imprensa, o subsecretário de Inteligência e Estatísticas de Comércio Exterior, Herlon Brandão, afirmou que as exportações agrícolas foram afetadas pela concentração da venda de soja no primeiro semestre do ano, o que acabou contribuindo negativamente para o volume exportado em novembro.
“Tivemos um embarque de soja mais cedo este ano, com menos estoques agora para escoamento no final do ano”, afirmou ele.
Já as importações sofreram uma queda de 2,6% em novembro sobre um ano antes, também pela média diária, a 13,8 bilhões de dólares.
Brandão pontuou que a performance representou melhora significativa frente ao comportamento das importações visto mais cedo neste ano por conta da crise do coronavírus.
Frente a novembro do ano passado, o volume importado subiu 9,6%, ao passo que os preços tiveram uma redução de 10,3%. Mas o volume importado aumentou frente a meses recentes.
“A nossa média diária de importação em novembro é de 700 milhões de dólares. Em julho, auge da redução da importação e dos efeitos da pandemia na economia, essa média era de cerca de 500 milhões de dólares”, disse o técnico do Ministério da Economia.
“Tivemos uma melhora sim da importação e principalmente por conta do aumento na quantidade. Os preços internacionais ainda estão em queda este ano e em novembro não foi diferente”, completou ele.
Brandão frisou que as compras foram disseminadas por diversos produtos, mas com destaque para insumos eletroeletrônicos e adubos fertilizantes, que são bens intermediários para a produção brasileira.
Na análise das importações por categoria, houve aumento de 8,3% nas compras de produtos da agropecuária em novembro, enquanto na indústria extrativa e na indústria de transformação as importações caíram 40,8% e 0,5%, respectivamente.
As importações de arroz com casca saltaram 759,0% no mês, no primeiro dado mensal sensibilizado pela implementação de uma cota sem tarifa para compra de 400 mil toneladas do produto de fora do Mercosul até o final do ano.
A decisão foi tomada pelo governo em setembro em meio à expressiva alta no preço do arroz no país.
De acordo com Brandão, os Estados Unidos foram em novembro a principal origem de arroz com casca comprado pelo país, ficando na frente do Paraguai, que usualmente ocupa essa posição.
No acumulado de janeiro a novembro, o saldo da balança comercial ficou positivo em 51,2 bilhões de dólares, alta de 23,2% frente a igual período do ano passado.
Em projeção divulgada em outubro, o Ministério da Economia previu que haverá um superávit para a balança comercial de 55 bilhões de dólares neste ano, acima do saldo positivo de 48,1 bilhões de dólares de 2019.