Internacional

Queda das exportações de petróleo da Venezuela agrava crise

22 jun 2020, 14:42 - atualizado em 22 jun 2020, 14:42
nicolás maduro
O regime de Maduro já enfrenta uma crise humanitária agravada pela pandemia de coronavírus, que encolhe a demanda doméstica por combustíveis (Imagem: Zurimar Campos/AFP)

A receita do petróleo, o salva-vidas financeiro da Venezuela, está secando de forma acelerada, o que aumenta a instabilidade do regime de Nicolás Maduro.

As exportações de petróleo, que antes respondiam por 95% das entradas de moeda estrangeira no país, caíram quase pela metade neste mês, depois de atingir o menor nível em 73 anos em maio.

A queda coincide com as sanções dos EUA à Venezuela, que tem uma das maiores reservas de petróleo do mundo.

O regime de Maduro já enfrenta uma crise humanitária agravada pela pandemia de coronavírus, que encolhe a demanda doméstica por combustíveis.

A expectativa é que apenas mais um petroleiro seja carregado para os 12 dias restantes do mês, segundo documentos. A Venezuela costumava carregar dois navios por dia há dois anos, antes da imposição de sanções financeiras.

Os tanques de armazenamento de petróleo no país estão quase cheios, obrigando operadores a paralisarem a produção em níveis nunca vistos desde o final da Segunda Guerra Mundial.

É quase impossível vender petróleo a clientes estrangeiros com a maioria dos petroleiros reservados para exportar petróleo obrigados a cancelamentos devido às sanções do governo Trump.

“Sem o dinheiro do petróleo, a vida fica muito mais difícil para Maduro”, disse Diego Moya-Ocampos, consultor de risco político da IHS Markit, em Londres.

“Ele terá que depender mais da mineração de ouro e atividades ilegais, como o tráfico de drogas, para pagar por seu aparato de segurança.”

Petróleo
Os tanques de armazenamento de petróleo no país estão quase cheios, obrigando operadores a paralisarem a produção em níveis nunca vistos desde o final da Segunda Guerra Mundial (Imagem: REUTERS/Nick Oxford)

Os embarques de petróleo, usados para a troca por combustíveis e alimentos, caíram para 167.222 barris por dia neste mês até quinta-feira passada, queda de 45% em relação ao mesmo período em maio, segundo dados de programas de carregamento e rastreamento de navios compilados pela Bloomberg.

Depois que os EUA impuseram sanções à empresa mexicana Libre Abordo e sua afiliada Schlager Business, a Venezuela começou a depender de remessas para Cuba, sua aliada, para a refinaria italiana Eni e para a Repsol, da Espanha.

Tanto a Eni quanto a Repsol já disseram que estão recebendo petróleo como pagamento para liquidar dívidas antigas.

“A Repsol recebe cargas como pagamento de dívidas pendentes”, disse o porta-voz Kristian Rix em e-mail. “A Repsol cumpre totalmente as leis e regulamentos internacionais e, claro, continuará cumprindo.”

A Eni está recuperando recebíveis da PDVSA por meio do fornecimento de petróleo em total conformidade com as sanções dos EUA, segundo comunicado da empresa.

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