Quebra do período de silêncio? Entenda a reunião secreta de Campos Neto e Bolsonaro em dia do Copom
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, teve uma reunião com o então presidente Jair Bolsonaro horas antes de uma reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
Segundo dados obtidos pelos sites Metrópoles e G1, o encontro entre Bolsonaro e Campos Neto aconteceu no dia 4 de maio de 2022, das 7h30 às 8h. Aparentemente, a reunião foi citada apenas em uma “agenda confidencial” de Bolsonaro, que era enviada a um grupo de assessores do Palácio do Planalto. Ou seja, não constou nas agendas públicas de nenhum dos dois.
O e-mail com o documento que cita a reunião secreta estava foi encontrado entre as mensagens que o ex-ajudante de ordens Mauro Cid deixou de deletar da conta que usou durante o período em que trabalhou para Bolsonaro e agora estão sendo analisadas pela CPI do 8 de Janeiro.
O encontro aconteceu poucas horas antes do início da segunda etapa da reunião do Banco Central, que começou às 9h37, segundo a ata do dia, e dentro do chamado “período de silêncio”.
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O que diz as regras do Banco Central?
Pelas regras da autoridade monetária, os integrantes do Copom são proibidos de emitir declaração sobre Assuntos do Copom em discursos, entrevistas à imprensa e encontros com pessoas que possam ter interesse nas decisões do Copom, incluindo regulados, economistas, investidores, analistas de mercado e empresários.
“O Período de Silêncio estende-se desde a quarta-feira da semana anterior àquela em que ocorre a reunião ordinária do Copom até o momento da publicação da ata”, diz a Resolução BCB nº 61/2021.
O Banco Central confirmou que Campos Neto e Bolsonaro se encontraram no dia 4 de maio do ano passado. No entanto, segundo o Banco Central, a resolução não proíbe reuniões com agentes públicos. Além disso, destacou que nenhum tema relativo ao Copom foi tratado no encontro e que a reunião não entrou na agenda oficial de Campos Neto por uma falha operacional.
Como foi a reunião do Copom em maio de 2022?
No dia 4 de maio de 2022, o Copom elevou a Selic em 1 ponto percentual. Com isso, a taxa básica de juros passou de 11,75% para 12,75%. Esse foi o último reajuste deste patamar no ciclo de aperto monetário – outras altas de 1 pp foram promovidas em setembro de 2021 e março de 2022.
Na ata da reunião, o Copom destacou que a decisão foi unanime e que existia um balanço de riscos com variância ainda maior do que a usual para a inflação.